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Resultados da natação preocupam, mas CBDA mantém meta de seis finais

Os três primeiros dias de competições no Parque Aquático do Rio de Janeiro mostraram que pode ser mais difícil do que se imaginava para a natação brasileira atingir a meta de seis finais nos Jogos Olímpicos, na tentativa de igualar a marca de Pequim-2008. E a crise técnica já começa a incomodar alguns nadadores, que falaram abertamente que precisam mostrar mais do que vêm exibindo nas competições disputadas no Parque Olímpico.

NATAÇÃO 08-08

? A natação brasileira ainda tem que fazer muito mais para valer todo o investimento que foi feito ? reconheceu o nadador Leonardo de Deus, ao se classificar para as semifinais dos 200m borboleta.

O Brasil já garantiu 50% da meta estipulada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Foram dois finalistas nos 100m peito (João Luiz Gomes Jr. e Felipe França) e uma final no revezamento 4x100m livre. João terminou em quinto, enquanto Felipe foi o sétimo. O revezamento também foi quinto.

João, porém, foi o brasileiro que chegou na Olimpíada mais bem ranqueado na Federação Internacional de Natação (Fina). Ele tinha o terceiro melhor tempo do mundo nos 100m peito e era a grande esperança de medalha. O brasileiro chegou a ser apontado pela revista americana “Sports Illustrated” como o único nadador do país medalhista no Rio, Na prova, chegou a ocupar essa posição, mas acabou ficando para trás e ficou sem subir ao pódio. O desempenho ruim do nadador é que fez ligar o sinal de alerta.

? A meta ainda é igualar ou superar Pequim-2008 em número de finais. A natação que estamos vendo no Rio é evoluída, difícil e de nível muito alto. A nossa expectativa é boa e tudo segue dentro do planejamento ? disse Ricardo de Moura, superintendente da CBDA.

DESABAFO DE jOANNA

Um exemplo dessa natação evoluída citada pelo dirigente está justamente na prova de em que João e Felipe nadaram no Rio. O britânico Adam Peaty quebrou duas vezes o recorde mundial da prova e ganhou o ouro com 57s13. Já no feminino, Katie Ledecky pulverizou a marca dos 400m livre, ganhando o ouro com 3m56s46.

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Além da crise técnica, a natação brasileira ainda teve que lidar com uma pequena crise. A pernambucana Joanna Maranhão criticou o que considera um tratamento desigual da CBDA no ciclo olímpico. Após ficar de fora das semifinais nos 200m medley, a nadadora foi questionada sobre o desempenho da equipe brasileira e aproveitou para mostrar que há, segundo ela, um tratamento desigual dado aos atletas.

? Não posso falar pelo grupo porque a situação do grupo é diferente da minha. Não vou entrar no mérito, mas vocês sabem que eu não aceito receber de algumas fontes. Então, quem me deu toda a estrutura para estar aqui foi o Esporte Clube Pinheiros, as Forças Armadas e o Time PE. São a esses a quem eu devo satisfação do que eu fiz. Acho que as pessoas que recebem o Bolsa Pódio e que tiveram um apoio maior da confederação, que talvez tenham que responder com algum trabalho. Eu não – disse Joanna, que ainda nadará hoje os 200m borboleta. Os recordes quebrados nos Jogos Rio-2016

A pernambucana ressaltou que só deve prestar contas às três entidades que a apoiaram e disse ter certeza que elas estão satisfeitas com o seu desempenho no Rio, embora o desejo de todos fosse pegar uma semifinal nos 200 medley.

? Tenho certeza que (elas) sabem que eu dei o meu 100% e que ser 15ª do mundo nos 400m medley e ser 18ª do mundo nos 200m medley é exatamente o que estávamos buscando. No caso dessas pessoas que tiveram um super apoio, que não foi uma coisa que eu tive, e não estou dizendo que faltou nada para mim, mas em termos de Confederação e do Comitê Olímpico, eu não tive tanto apoio quanto eles (os demais nadadores).

As declarações de Joanna geraram um mal estar no time de natação. O superintendente da CBDA, Ricardo de Moura, chamou a atleta para uma conversa assim que soube do que ela tinha falado. Ricardo classificou como “fora de propósito” a reclamação da nadadora.

? Chamei para conversar, sim, porque está ficando chato já. E fora de propósito. Joanna não teve critérios diferentes de ninguém dentro da equipe. Disputou provas internacionais e participou da aclimatação em São Paulo. Ela não entregou projeto a tempo para o Bolsa Pódio e recebe patrocínio dos Correios. Tudo isso, ela conseguiu através de quem? Da CBDA. Então, eu acho que ela confundiu tudo em um momento no qual uma declaração como essa pode até atrapalhar o desempenho da equipe ? disse.

MUITAS PROVAS EM DISPUTA

É neste clima que o Brasil ainda tenta se aproximar da meta de finais e tentar uma medalha em uma das modalidades que é o carro-chefe de toda Olimpíada. O Brasil ainda vai nadar em mais 17 provas.

A maior aposta é Bruno Fratus. O nadador de 27 anos tem o oitavo tempo do ano nos 50m livre (21s74) e é visto como uma real chance de medalha. Na mesma prova, Ítalo Duarte tem o 12º tempo do ano (21s82).

Outros cinco nadadores vão cair na piscina até o próximo sábado com chances de pegarem uma final em suas provas. Thiago Pereira, por exemplo, tem o quinto melhor tempo do mundo (1m57s57), enquanto na mesma prova Henrique Rodrigues tem a sexta melhor marca (1m57s91). Thiago foi prata em Londres-2012.

Já Nicolas Oliveira tem o 17º tempo do ano nos 100m livre (48s30), mas não se pode desprezar uma chance de final para o nadador. Ainda que uma medalha seja bem difícil. O mesmo vale para Marcelo Chierighini, dono do 14º tempo do ano na prova (48s12).

No feminino, a principal aposta está nos 50m com Etienne Medeiros. A nadadora tem o 15º tempo do ano (24s64) e poderia surpreender pegando uma final.