Cotidiano

Repasse da União à Eletrobras pode ser pago por consumidores

2016_882166512-229537630.jpg_20160121 (2).jpgRIO – Especialistas consideraram positivas as decisões constantes na medida provisória 735/16, que fixa em até R$ 3,5 bilhões o repasse de recursos da União à Eletrobras, destinados às distribuidoras do Norte e Nordeste, para bancar despesas com combustíveis. A MP retira também da Eletrobras a função de gerir recursos de fundos que custeiam subsídios nas tarifas de energia. As medidas previstas na MP foram consideradas um primeiro passo para a reestruturação dessas distribuidoras, que têm elevado endividamento, para a sua privatização futura.

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Porém, o diretor do grupo Safira, Mikio Kawai júnior, adverte que esses recursos deverão ter impacto futuro nas contas de luz dos consumidores. O executivo estima que o impacto será da ordem de 3,5%, que serão, contudo, repassados para as tarifas de forma diluída ao longo dos meses no próximo ano.

? Quem paga sempre é o bolso do contribuinte ou do consumidor. Mas a medida é importante porque limita a transferência de recursos da União em R$ 3,5 bilhões para a compra de combustíveis para as térmicas ? destacou Kawai.

Marcos Saltini, vice-presidente de consultoria em utilities da canadense CGI no Brasil, disse que tanto a MP-735 como a MP-706, editada nesta quarta-feira, são dois passos importantes para preparar as distribuidoras da Eletrobras para serem privatizadas. O executivo lembrou que essas distribuidoras são complicadas porque atuam em regiões distantes, que exigem investimentos elevados para levar a energia aos consumidores. Estes, por sua vez, são em grande parte de baixa renda, e contam com poucas indústrias. Segundo o balanço da Eletrobras de 2015 (ainda não auditado), essas distribuidoras contabilizaram um prejuízo total de R$ 5,2 bilhões. São elas: Ceal (Alagoas), Cepisa (Piauí), Eletro Acre, Celg (Goiás), Boa Vista Energia (Roraima) e Amazonas Energia.

? Essas distribuidoras foram acumulando dívidas elevadas ao longo dos anos, aliadas à atuação em um mercado difícil e à má gestão. A Eletrobras precisa se desfazer desses ativos, e essas duas MPs foram um primeiro passo na direção de sanear os problemas e torná-las mais atrativas para a venda ? comentou Saltini.