Cotidiano

Renzi oficializa renúncia ao governo italiano após fracasso em referendo

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ROMA ? O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, renunciou oficialmente ao cargo na noite de quarta-feira em reunião com o presidente Sergio Mattarella. Sua demissão vem antes do prazo esperado, uma vez que o chefe de Estado havia pedido que ele postergasse a saída até sexta-feira. O premier aguardava apenas a aprovação da Lei Orçamentária, que recebeu o voto de confiança do Senado nas últimas horas. Enquanto isso, rivais cobraram a convocação imediata de eleições, apesar de haver restrições burocráticas para um novo pleito em breve.

Renzi, que anunciara a demissão no domingo, cumpriu a promessa de renunciar após a votação do Orçamento ? aprovado por 173 votos a 108 no Senado.

Após propor uma reforma constitucional, que reduziria drasticamente os poderes do Senado, Renzi entrou em uma intensa campanha para que o projeto fosse aprovado em um referendo do último domingo. E chegou até a prometer que renunciaria caso saísse derrotado. No fim, a maioria dos italianos acabou votando pensando em salvar Renzi ou tirá-lo do cargo ? e não no conteúdo da reforma. Enquanto muitos se veem desapontados com o governo pelos altos índices de desocupação e pela crise migratória, o premier acabou duramente derrotado, com quase 60% dos votos contra a sua reforma.

Info referendo Itália

No domingo, ainda na apuração das urnas, Renzi anunciou que pediria demissão ainda nesta semana. Após o Conselho de Ministros chegar a um consenso por sua saída, ele foi ao Palácio do Quirinal, sede da Presidência, para comunicar a Mattarella que deixaria o cargo, mas esperaria a votação da Lei Orçamentária.

? Nosso governo deu ao povo menos impostos e mais direitos ? defendeu Renzi a aliados de seu Partido Democrático (PD) antes da ida derradeira ao Quirinal, nesta quarta-feira. ? Não temos medo de nada e nem de ninguém. Se outros quiserem eleições em breve, que digam, porque aqui a responsabilidade é de todos. O PD não teme nem a democracia nem os votos.

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CLIMA DE INCERTEZA E APELO POR ELEIÇÕES

Por enquanto, não se sabe exatamente qual será o destino do governo italiano após a saída do premier, cujo fim do mandato estava previsto apenas para 2018. A hipótese mais provável é a formação de um governo tecnocrático, com um novo líder apoiado pela atual maioria de centro-esquerda do Parlamento. Dentre os nomes mais cotados, estão o Presidente do Senado, Pietro Grasso, e o ministro das Finanças, Pier Carlo Padoan.

Enquanto isso, eufórico com a derrota de Renzi, o Movimento Cinco Estrelas (M5S), legenda de oposição com forte discurso populista, já pressiona pela dissolução do Parlamento e eleições antecipadas no prazo mais curto possível. A esperança do grupo, liderado pelo comediante Beppe Grillo, é ver a sua força política ampliada com uma provável candidatura do atual vice-presidente da Câmara de Deputados, Luigi di Maio.

“Renzi, peça desculpas aos italianos e se aposente”, disse o M5S em nota.

Força de extrema-direita da política italiana, a Liga Norte cobrou eleições o mais rápido possível.

? Se não houver respostas claras sobre o voto dentro de uma semana, desceremos às praças entre 17 e 18 de dezembro para coletar assinatura por eleições imediatas ? cobrou seu líder, Matteo Salvini.

E, mais improvável ainda, mas ainda possível, seria que Renzi recebesse um voto de confiança dos parlamentares – uma possibilidade que o premier aparentemente excluiu ao afirmar, no discurso de derrota, que sua experiência no governo havia chegado ao fim.

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