Cotidiano

Renúncia de premier italiano provoca temores de crise na zona do euro

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ROMA ? Enquanto a Itália acorda nesta segunda-feira cercada de incertezas sobre seu futuro político, crescem os receios de que a renúncia do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, leve a uma crise na zona do euro. O premier anunciou que deixaria o cargo na noite de domingo, quando os resultados das urnas apontavam que ele perderia um referendo que votou sua proposta de reforma constitucional no país. Agora, sua derrota poderá fortalecer a oposição, incluindo a bancada eurocética que defende uma consulta popular sobre o abandono do euro no ano que vem, enquanto a moeda já atingiu uma baixa recorde dos últimos 21 meses nesta segunda-feira.

Renzi propôs um pacote de mudanças cuja principal plataforma era a drástica redução dos poderes do Senado, e, na sua campanha pela aprovação do texto, prometeu que sairia do governo caso os italianos dissessem “Não” à reforma. Esta foi uma simbólica derrota para Renzi, uma vez que, nas últimas pesquisas antes da votação, a maioria dos italianos dizia que votaria apenas pensando em manter o premier no governo ou retirá-lo do poder. E o resultado das urnas foi expressivo: 49,69% dos italianos que foram às urnas votaram “Sim” e 59,11% votaram “Não”.

A saída de Renzi provoca incerteza sobre como será o próximo governo no país. Mas, já minutos após o premier ter reconhecido a derrota no domingo, a oposição já pressionava por eleições antecipadas, na esperança de ampliar sua potência política com novas votações no ano que vem ? o fim do mandato do premier estava previsto para 2018. O resultado preocupa os vizinhos europeus, uma vez que a derrota da reforma é consideradaa terceira revolta eleitoral antissistema neste ano para o Ocidente ? depois do Brexit no Reino Unido e da vitória de Donald Trump para a Presidência dos EUA.

Hoje a segunda força política no país, o populista Movimento Cinco Estrelas (M5S), fundado pelo comediante Beppe Grillo, comemorou a derrota de Renzi, após ter investido em uma forte campanha pelo “Não”. O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Luigi di Maio, que é também um dos líderes do movimento, prometeu que o movimento começaria seus novos esforços já nesta segunda-feira:

? A partir de amanhã, começaremos a trabalhar para formar o time do futuro governo Cinco Estrelas ? disse di Maio no domingo.

O movimento antissistema, cujo discurso se constrói, em grande parte, na crítica à velha classe o abandono do euro, provocando temores de uma crise na zona do euro e do aprofundamento da desintegração na União Europeia (UE) ? já fragilizada pela saída britânica do bloco, aprovada em referendo em junho no Reino Unido.

Nesta segunda-feira, o euro já caiu e atingiu seu índice mais baixo nos últimos 21 meses em comparação ao dólar. Os investidores fugiram de ativos mais arriscados depois que Renzi anunciou a derrota. E, ainda, a derrota ameaça os esforços para estabilizar a economia italiana e o seu instável sistema bancário.

Daniele Caprepra, porta-voz do M5S no Reino Unido, disse à rede BBC que a oposição do movimento à permanência italiana na zona do euro:

? O euro é um problema para a Itália agora, e nós gostaríamos de ouvir a voz das pessoas sobre isso. O Euro está prejudicando a economia italiana e não é bom o suficiente pra a Itália agora.