Cotidiano

Renda fixa continua sendo a melhor opção mesmo com corte de juros, dizem especialistas

RIO – A primeira redução de juros em quatro anos não é suficiente para tirar o brilho da renda fixa no Brasil. Segundo especialistas em investimento, as taxas continuarão elevadas por um bom tempo, enquanto que a Bolsa, com alta de quase 47% no ano, exige apetite elevado para risco dado o cenário local e externo ainda turbulentos.

O título público pré-fixado ? pelo qual o investidor sabe quanto vai receber já no momento da compra ?, com vencimento em 2019, oferece hoje rentabilidade de 11,37% ao ano. Enquanto isso, de janeiro até agora a poupança rendeu apenas 6,18%; em 2015, a rentabilidade foi de 7,29%, abaixo dos 10,67% da inflação. A Bolsa, apesar da disparada deste ano, registrou queda anual entre 2013 e 2015.

? A redução da Selic não muda muita coisa, porque o Brasil permanece com uma taxa de juros muito alta, mesmo quando descontada a inflação. Investimentos que têm sido atraentes, como títulos Públicos, CDBs de bancos pequenos e médios e LCIs e LCAs, devem começar a pagar menos, mas tudo vai pagar menos ? disse Samy Dana, professor da FGV-SP.

Por causa disso, os títulos públicos que acompanham os juros básicos da economia, o Tesouro Selic, seguem sendo interessantes para poupadores que não querem risco mesmo com a perspectiva de novos cortes. Rafael Paschoarelli Veiga, professor da FEA/USP e responsável pelo site Comdinheiro, concorda que o título pós-fixado (que acompanha os juros) é a opção mais segura de todas, mas lembra que é possível ter retornos bem maiores aplicando em títulos pré-fixados.

? As oportunidades na renda fixa ainda são enormes, porque os juros ainda são gigantescos. Para quem está muito otimista com o Brasil e acha que vai há chance até de os juros caírem para um dígito, os pré-fixados são uma opção pois ainda não incorporaram essa perspectiva ? afirmou Veiga.

Isso porque, se os juros caírem mais, os títulos pré-fixados comprados hoje vão ganhar valor no futuro porque terão sido emitidos com taxas maiores que as dos novos títulos do mesmo perfil. Isso, é claro, se o investidor estiver disposto a vender o papel antes do vencimento, uma operação que envolve risco.

? O aplicador terá que fazer o que chamamos de ?trade? de renda fixa, o que, é sim, arriscado. Mas se ele achar que a Selic pode cair muito mais, isso levará a uma enorme valorização desses títulos ? acrescentou. ? Mas se o aplicador não entender nada do mercado, mais seguro é ficar no Tesouro Selic. Caso ele seja muito pessimista com a pesrpectiva para o Brasil, o melhor a fazer é aplicar em títulos públicos que rendem juros pré-fixados mais inflação (Tesouro IPCA+), porque haverá elevação de preços se a economia piorar.