Cotidiano

Renan: teto é importante, mas PEC deve ser aperfeiçoada no Congresso

BRASÍLIA – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quarta-feira que sua relação com o presidente interino Michel Temer está “cada vez melhor” e que a PEC fixando teto para os gastos públicos dará uma “referência” sobre as despesas, mas avisou que deverá ser mudada no Congresso.

Ao comentar o jantar de ontem com Temer, Renan disse que repetiu ao presidente a crítica de que medidas de aprofundamento do ajuste deveriam ser enviadas ao Congresso somente depois do julgamento final do impeachment.

Ao afirmar que o teto é importante, Renan condenou os aumentos salariais do funcionalismo, dizendo que são um problema. E avisou que o Senado vai restabelecer a proposta original da lei das estatais, com critérios mais rígidos para preenchimento de cargos. A Câmara derrotou o governo e mudou a proposta na noite de ontem.

— Foi uma conversa normal, institucional, sobre as iniciativas que ele está pensando em mandar para o Congresso. Muito boa. Falei com relação à necessidade de desamarrarmos os pés da economia, pôr fim à recessão e voltar a crescer. Como estamos vivendo um momento de interinidade, acho que essas mudanças fundamentais que significam o aprofundamento do ajuste, poderiam ser transferidas para depois da decisão definitiva do Senado. Defendi isso para ele. Mas essa medida (do teto) é importante e vai, com certeza, ser aprimorada no Congresso. E é importante porque servirá de referência. O que não podemos perder no Brasil são as referências. É você conceder um aumento de R$ 6,7 bilhões e depois negar um incentivo para microempresa. Repor a diferença significa dar racionalidade ao gasto público — disse.

Ao falar sobre Temer, Renan disse que os dois estão mais próximos:

— Estamos cada vez mais próximos. E vou ter com o presidente Temer a mesma relação institucional que tive com a presidente Dilma. O que for da convergência nacional.

Por outra parte, Renan criticou o impacto dos reajustes:

— Estamos com o problema que é esse aumento do servidor, que vai ensejar uma repercussão do ponto de vista da União de quase R$ 70 bilhões. Mais do que nunca é preciso dar racionalidade ao gasto público para que o Parlamento, que é quem decide ao fim e ao cabo, possa ter uma referência se isso é prioritário ou não. O governo pode tudo, mas temos que ter referências. Em meio a essa crise, saber o que é que é prioritário, o que devemos fazer primeiro. Essa referência pode ser dada pelo projeto (PEC) que o governo está mandando — disse Renan, que se reuniu com os líderes partidários para analisar a proposta do governo.