Cotidiano

Renan diz que se Dilma for cassada, Temer tomará posse logo depois

BRASÍLIA. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que a posse de Michel Temer como presidente efetivo, caso Dilma seja de fato cassada, deve ocorrer “o mais rapidamente possível” após a conclusão do processo. O presidente do Senado, que viajará com Temer à China logo após o julgamento, mostrou que quer ver a sessão abreviada para que não adentre o fim de semana.

Era fundamental que se tivesse mais objetividade neste momento. Acredito que mais senadores irão abrir mão de suas falas para não termos que prosseguir no sábado e no domingo. É um processo longo, todo mundo está cansado e esta etapa está sendo transformada apenas em embate político — disse.

O peemedebista criticou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que, mais cedo, afirmou que o Senado não tem “moral” para julgar Dilma Rousseff. Renan disse ser inaceitável este tipo de comentário e afirmou que, se Dilma disser algo semelhante quando vier na segunda-feira se defender pessoalmente, haverá reação:

— Se a presidente Dilma fizer alguma colocação como esta da Gleisi, não vejo como ter tréplica dos senadores — pontuou.

No dia do depoimento da presidente afastada Dilma Rousseff, na sessão de julgamento do impeachment, na próxima segunda-feira, seus 20 convidados , incluindo o ex-presidente Lula se acompanhá-la, irão assistir a longa sessão acomodados na tribuna de honra ao lado de 20 convidados da advogada de acusação, Janaína Paschoal. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) ligou para Dilma para acertar detalhes da ida ao Senado e ela lhe pediu para levar alguns de seus ministros e aliados.

Para não privilegiar a ré, Renan deu a Janaína o direito de levar também 20 convidados a sua escolha para acompanhar a sessão, no plenário. Os 48 lugares da tribuna de honra serão destinados aos convidados das duas partes, acusação e defesa, sem demarcação de lugar. Renan disse que não terá ?cerca? para separar os adversários, como na Esplanada em frente ao Congresso.

? Se tiver problema de convivência ao invés de sentar na mesa ao lado do ministro Ricardo Lewandowski , eu vou sentar no meio dos convidados ? brincou Renan.

Na conversa com Dilma, Renan disse que ela , como todo mundo, já mostra cansaço do longo processo de impeachment.

? O processo é enfadonho, longo, desgastante e aprofundou a crise. Todos estamos cansados, e ela também ? disse Renan.

Ele elogiou o desempenho do ministro Lewandowski no primeiro dia do julgamento, apesar dos embates entre os senadores. Renan brincou que o líder da Minoria, Lindbergh Faria (PT-RJ) quer levar o julgamento ?para o infinito?, para não terminar nunca.

? Eu disse que nós temos que facilitar o sua missão constitucional de presidir o processo. As vezes parece que, por mandato constitucional ele está presidindo um hospício , com as pessoas se xingando e se agredindo. Mas ele está satisfeito, passou no exame probatório na primeira sessão ? atestou Renan.

Ele criticou os bate bocas e os discursos políticos no primeiro dia. E considerou que o debate político do primeiro dia não mudará em nada os votos já consolidados no plenário.

?O Senado tem que minimizar a tentativa de transformar o julgamento em mero confronto político. Isso só delonga o processo e não acrescenta nada. Não altera nem para um lado nem para o outro ? criticou.

Ele diz que o critério usado para impedir o depoimento do procurador Júlio Marcelo como testemunha, apenas como informante, deverá ser usado também para as testemunhas de defesa nesta sexta-feira. Sobre se vai votar e como vai votar, Renan diz que ainda está ?refletindo? sobre o assunto.