BRASÍLIA – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) defendeu nesta quinta-feira a aprovação do projeto que pune o abuso de autoridade. Ele disse que definirá um relator na próxima semana para dar andamento à matéria no Senado. Afirmou que não considera a discussão do tema uma provocação ao juiz Sérgio Moro e aos responsáveis pela Operação Lava-Jato.
? Imagine o estágio da democracia que chegamos. Convidar o juiz Sérgio Moro para discutir sobre um tema transcendental e alguém perguntar se não acha que debater é uma provocação. Não acho, não. É importante que ele venha, que o procurador-geral venha, que o STF venha, que redigiu a proposta mande representante, para que a gente possa fazer um debate público e ao final deliberar sobre essa questão que é muito importante. A lei de abuso de autoridade do Brasil é de 1965, foi editada pelo general Castelo Branco_ afirmou.
Ironizando as cobranças que sofre sobre tentar interferir na Lava-Jato, Renan disse que qualquer comentário que faz sobre qualquer assunto, se torna tentativa de obstrução dos trabalhos da PF:
? Estava num restaurante dia desses e estava comentando que estou torcendo para que o Botafogo vá para Libertadores da América. Aí o cara da outra mesa me interrompeu: Renan, rapaz, você já está tramando contra a Lava-Jato. Está nessa situação ? brincou.
O peemedebista disse que um debate amplo, com Legislativo, STF, Polícia Federal, representantes dos juízes federais, levará a uma lei mais moderna e melhor para o país.
? Essas pessoas sem dúvida nenhuma, vão poder qualificar essa lei. Ninguém de bom senso defende o abuso de autoridade. Eu sinceramente não acredito que o juiz Sérgio Moro, (Deltan) Dallagnol ou Afuje… É importante que eles venham pra que a gente faça o debate.
Renan disse que ainda não decidiu o relator da matéria porque muitos estão desistindo por falta de coragem. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) era o relator da proposta, mas abriu mão porque assumirá a Liderança do Governo no Congresso.
? Na quarta-feira, vamos decidir o relator. Ainda não decidimos porque alguns gastaram a cota de coragem e a gente precisa reestimulá-la ? afirmou.
Não há ainda data para votar a lei do abuso. Renan não descarta que ocorra a votação ainda este ano.
