Cotidiano

Renan critica declaração de ministro da Justiça sobre atuação de policiais do Senado

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BRASÍLIA – Uma nova declaração do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, causou desconforto no governo. Nesta sexta-feira, após a prisão de agentes da polícia do Senado, Moraes declarou que os servidores teriam extrapolado ao supostamente tentar obstruir investigações da Operação Lava-Jato contra senadores, fazendo varreduras antigrampo em seus escritórios, gabinetes e residências de José Sarney, Lobão Filho, Gleisi Hoffman (PT-PR) e Fernando Collor (PTC-AL). A legalidade das varreduras tinha sido defendida momentos antes em nota, pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e as críticas de Moraes teriam provocado sua ira, levada a Temer e ministros do governo.

Calheiros, segundo relato de ministros palacianos, ficou incomodado com a declaração do ministro tucano e reclamou com integrantes do Palácio do Planalto. Ele telefonou para o presidente Michel Temer e para o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para protestar contra a atuação de Moraes no caso. Geddel, entretanto, minimizou o episódio:

? Não teve trombamento do Renan com o ministro da Justiça. O Renan fez uma reclamação pontual, paciência… É uma divergência entre os dois, não tem nada a ver com o governo. Eu falei com ele, o Temer falou com ele, mas sobre várias coisas ? afirmou Geddel.

A reação de Renan veio após Moraes afirmar que a polícia do Senado havia extrapolado. Além de se queixar ao Planalto, o presidente do Senado também disse que foi o ministro quem extrapolou no caso:

? Quem fala demais acaba dando bom dia a cavalo ? disse Renan, em entrevista ao ?Broadcast Político?, do jornal ?Estado de S. Paulo?.

Não é primeira vez que uma declaração de Moraes causa desconforto no governo e em seus aliados, o que vem suscitando rumores de que ele pode ser substituído caso não atue mais afinado com o Planalto. No final de setembro, em ato de campanha em Ribeirão Preto, Moraes ?antecipou? que haveria mais desdobramentos da Operação Lava-Jato naquela semana, apenas um dia antes de o ex-ministro Antonio Palocci ser preso.

Em julho, quando anunciou a prisão de suspeitos de planejarem atentados terroristas nas Olimpíadas, Moraes desagradou o Palácio do Planalto por usar excessivamente os holofotes e acabar caindo em contradição ao minimizar a capacidade de dano do grupo.

No governo, ele também foi criticado por defender o aumento salarial da Polícia Federal em meio à tentativa do governo de aprovar a PEC que limita os gastos públicos.