Esportes

Relembre o escândalo de doping que tira o atletismo da Rússia da Rio-2016

IAAF decidiu manter o banimento ao atletismo russo de competições internacionais

A trajetória recente de uma das maiores potências do atletismo mundial provou ser um castelo de cartas, que começou a ruir em novembro de 2015. Naquele mês, a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) anunciou que, após receber informações de um amplo esquema de doping coordenado por treinadores e dirigentes, decidira suspender a Rússia de competições por tempo indeterminado.

O banimento foi estendido em março e, depois, nesta sexta-feira, 17 de junho, o que deixa o atletismo russo fora da Olimpíada de 2016. Atletas como a bicampeã olímpica Yelena Isinbayeva, do salto com vara, pretendem recorrer da decisão da IAAF.

O esquema de dopagem veio à tona graças à ex-atleta Yulia Stepanova e ao seu marido, o treinador Vitaly Stepanov, que fizeram gravações de atletas russos de alta performance admitindo o uso de substâncias proibidas. A Agência Mundial Antidoping (Wada) recomendou que atletas e treinadores flagrados nas gravações fossem banidos do esporte.

A lista conta com medalhistas e até campeões olímpicos, como Marita Savinova, ouro nos 800m em Londres-2012. Naquela Olimpíada, a Rússia conquistou 16 medalhas no atletismo, sendo sete de ouro, quatro de prata e cinco de bronze. O desempenho só não foi melhor que o dos EUA, com 28 medalhas.

Desde que foi suspensa de competições internacionais, a federação de atletismo da Rússia tentava mostrar à IAAF que vinha se esforçando para aumentar o rigor no combate ao doping e punir atletas que fizessem uso de substâncias proibidas. A sequência de acontecimentos, contudo, aumentou a desconfiança sobre os russos.

Agentes da Wada se queixaram, mais de uma vez, de ameaças feitas pelo serviço secreto russo enquanto tentavam ter acesso a atletas para colher amostras. Além disso, as rechecagens de exames antidoping colhidos em Pequim-2008 e Londres-2012 descobriram substâncias dopantes em pelo menos 20 atletas russos, indicando que o esquema de doping no país estava enraizado e acontecia há tempos.

Um relatório divulgado pela Wada em abril apontou a Rússia como responsável por cerca de 10% dos casos confirmados de doping em todo o mundo esportivo em 2014. O levantamento, embora não considere apenas o atletismo, reforçou a imagem de que os problemas de doping na Rússia eram enormes, ao passo que ações do governo russo para atacar a questão não acompanhavam a total extensão dos problemas.

Assim, a IAAF decidiu manter o banimento ao atletismo russo de competições internacionais. Na prática, isso significa que a federação de atletismo do país está barrada da Rio-2016, embora atletas que não têm histórico de doping ainda possam receber autorizações especiais do Comitê Olímpico Internacional (COI).