RIO ? ?Esse programa é uma comunhão, um resumo de muita coisa que a gente já fez, de maneira recriada?, explica Regina Casé, ao definir o novo ?Esquenta!?. Embora o nome tenha sido mantido, a atração, que ficou dez meses fora do ar, volta à grade da Globo, a partir de hoje, às 13h45m, com um novo formato, uma espécie de amálgama entre ?Brasil legal? (1992), ?Muvuca? (1998) e ?Central da periferia?? (2006), atrações anteriores de Regina na emissora.
Desde que começou a comandar o ?Esquenta!?, em 2011, a vontade de viajar pelo Brasil sempre esteve lá. A dúvida era com relação a como explorar o país dentro de um programa de auditório.
? Adoramos o estúdio, mas sempre bateu a vontade de pegar a estrada. Nunca pensei que houvesse um formato que contemplasse as duas coisas. Porque eu também achava que seria um retrocesso voltar a fazer o ?Brasil legal??. Estamos felizes por não abandonar a primeira conquista, que é o auditório. Mas é um bebê que ainda nem nasceu, não sabemos nada sobre o futuro ? avalia.
Depois de 170 programas durante 14 meses, Regina reconhece que o formato do ?Esquenta!? já estava desgastado. Afinal, quando estreou, o planejamento era que ficasse por apenas três meses no ar, durante um verão.
? Sempre houve o compromisso da novidade e da transgressão. Até com carta branca, já que esse grupo não trabalha em cima da audiência, mas da criação de conteúdo original. Tivemos muito êxito, mas quando viramos programa de linha, não paramos mais. Isso não nos deu tempo de pensar no formato. E a gente precisava parar, puxar o freio de mão, como aconteceu agora. Tanto que o plano inicial era que estreássemos em março, mas a gente precisava deste tempo ? reflete a apresentadora.
A ideia, conta a diretora-geral Monica Almeida, surgiu aos poucos, depois de uma exposição com fotos colecionadas por Regina, de gente que a marcava nas redes sociais durante a exibição do programa. Havia, também, as muitas cartas que ela recebia, de convites para que assistisse à produção junto com os espectadores.
Então, agora, Regina faz exatamente isso: percorre todas as regiões do país e vê o ?Esquenta!? ao lado da família escolhida. A parte a que eles assistem, juntos, já fica previamente gravada nos Estúdios Globo, com participações dos músicos que já integravam a versão anterior, como Arlindo Cruz, Mumuzinho e Péricles. Eventualmente, Regina recebe convidados especiais, como Lázaro Ramos e Taís Araújo, e conta com a participação da plateia, que pode ser maior ou menor dependendo da pauta.
Na estreia, ela vai até Fortaleza, onde conhece a festeira família Holanda. A partir dos dramas dos próprios anfitriões, de classe média alta do Ceará, o programa debate temas como adoção, câncer e a inclusão das empregadas domésticas no núcleo familiar, com direito a cenas de Regina no longa ?Que horas ela volta?, pelo qual ganhou vários prêmios.
INSPIRAÇÃO EM ?REACT VIDEOS?
Da equipe de criação e roteiro do ?Esquenta!?, Hermano Vianna reitera a ideia de representar o Brasil dentro do programa por meio de famílias de diferentes regiões e classes sociais. Ele se inspirou, também, nos react videos, fenômeno na internet que mostra a reação das pessoas assistindo a programas:
? Muitas vezes, a reação é mais divertida que o programa. Essas pessoas seriam representantes de todos os espectadores e no início não seriam nem famílias, mas grupos de amigos. Mas quando a gente começou a pesquisar, as histórias de vida eram tão interessantes que nos levaram para um outro caminho.
Embora o primeiro programa seja pautado pela emoção, Regina garante que este não é o foco. Cada domingo é inspirado no jeito de cada família.
? A família de Belém, por exemplo, é animada do seu jeito. Já a da Bahia nem senta para ver o programa. E isso que é o legal, essa diferença de comportamentos ? observa ela, contando que ainda se surpreende a cada visita: ? É impressionante como as pessoas não se deixam abalar pela falta de oportunidades. Essa capacidade de se divertir num ambiente árido, de fazer festa, é muito surpreendente.
