Cotidiano

Rede Sustentabilidade rebate críticas de dirigentes que deixaram partido

SÃO PAULO – A Comissão Executiva Nacional da Rede Sustentabilidade divulgou nesta quarta-feira uma nota rebatendo as críticas de sete partidários que anunciaram sua desfiliação no início desta semana, após a divulgação dos resultados das eleilões municipais. Em carta aberta, eles acusaram a Rede de ser “estruturada sobre um vazio de posicionamentos políticos” e “politicamente dependente de Marina”. A nota, assinada pela Comissão Executiva Nacional, informa respeitar a decisão dos ex-partidários e agradece suas contribuições, mas faz uma série de considerações sobre as alegações que o grupo apresentou como motivos de sua saída, entre os quais o apoio ao impeachment da agora ex-presidente Dilma Rousseff.

Uma das principais discordâncias do grupo foi sobre o posicionamento favorável ao impechment da ex-presidente Dilma Rousseff. Na carta, os dissidentes afirmaram que ?não é sustentável um partido cuja direção vota um tema chave para a história do Brasil, o impeachment, sob o argumento explícito de que ?não podemos deixar Marina sozinha?, argumento que foi rebatido na nota do partido:

?O grupo que agora se afasta comete injustiça ao atribuir a decisão de posição sobre o impeachment exclusivamente à vontade da Marina. O Elo Nacional reuniu mais de 50 pessoas durante dois dias, quando todos tiveram ampla liberdade de expor suas convicções antes que uma decisão coletiva fosse tomada. Ao final, ficou clara a posição majoritária favorável ao impeachment?.

Para os ex-dirigentes, o impeachment ?entregou o poder ao PMDB e a um grupo político envolvido nas investigações da Lava Jato e comprometido em aplicar políticas radicalmente contrárias ao que sempre supomos fossem os valores e os objetivos da Rede?, o que também foi contrariado pela Executiva Nacional: ?A posição favorável ao impeachment, por conta da compreensão de que houve a prática de crime de responsabilidade, é transformada equivocadamente em ?mergulho da REDE em direção ao passado? ou aliança ao ?movimento que entregou o poder ao PMDB?. Esquecem, porém, que quem escolheu o PMDB para ocupar a linha sucessória da presidência do Brasil foi a aliança feita pela própria ex-presidente Dilma e seu partido.

?No fundo, é cobrado que a REDE repita dogmas estabelecidos, quando autonomia é entendida como ?ambiguidade e indefinição?, diz ainda a nota. Segundo o desejo dos ex-militantes, à REDE não cabe outra trajetória a não ser apoiar os candidatos que eles consideram, por definição, progressistas, ou integrar uma suposta ?ampla frente democrática e progressista?, um nome pomposo para dizer que a REDE tem que se atrelar a um dos lados da polarização e abrir mão de uma avaliação crítica e uma reflexão livre sobre o que significa ser ?progressista?, informa ainda a Executiva rebatendo ao apoio da Rede à candidatura de Sebastião Melo (PMDB) à prefeitura de Porto Alegre.

Considerada a maior novidade da campanha, em sua primeira participação eleitoral como um partido oficial, a Rede Sustentabilidade, cuja estrela política é Marina Silva, frustrou as expectativas nas urnas e rachou publicamente um dia depois de conhecidos os resultados. Dos154 candidatos a prefeito, a Rede elegeu prefeitos apenas cinco. O maior município conquistado foi Cabo Frio (RJ), com 186 mil habitantes.

A legenda disputa o segundo turno em apenas uma capital, Macapá (AP), onde o atual prefeito, Clécio Luiz, migrou do PSOL para a Rede para tentar a reeleição. Dos seus 3.449 candidatos a vereador, apenas 180 tiveram êxito. Nenhum deles em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte ? câmaras onde calculavam obter entre um e dois vereadores, que trariam projeção à agenda do partido.