Cotidiano

Rede evita tratar impeachment como tema da campanha eleitoral no Rio

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Lado a lado em agenda de campanha no Rio de Janeiro, o deputado federal Alessandro Molon, candidato a prefeito pela Rede Sustentabilidade, e a ex-senadora Marina Silva, liderança nacional do partido, concordaram naquilo que discordam: o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Molon e Marina, que manifestaram publicamente posições divergentes em relação ao afastamento de Dilma, destacaram nesta sexta-feira que o assunto, embora magnetize a opinião pública e o noticiário, não pode transbordar na eleição municipal.

? Não podemos esquecer que a campanha municipal tem caráter próprio. Neste momento de crise, em que a disputa nacional a princípio será apenas em 2018, o que se pode fazer é tentar mudar o Brasil a partir da realidade local. A Rede não está instrumentalizando o debate deste ano para 2018 ? garantiu Marina.

Na quarta-feira, dia em que o Senado decidiu pelo afastamento da presidente Dilma, Marina publicou artigo em que classificava como “golpe” a campanha de Dilma e seu então vice Michel Temer em 2014, investigada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por denúncias de ter sido irrigada com propina paga por empresas à Petrobras. A ex-senadora não mencionou no texto a tese do crime de responsabilidade por pedaladas fiscais, causa do julgamento que acabou destituindo Dilma, e criticada por Molon.

O deputado federal, que trocou o Partido dos Trabalhadores (PT) de Dilma pela Rede de Marina em 2015, votou contra o impeachment na Câmara federal e voltou a criticar o afastamento da presidente na quarta-feira, declarando ser um “dia que a democracia do Brasil não precisaria ter vivido”. Dois dias depois, porém, Molon evitou vincular o tema à campanha municipal, expediente que ele mesmo reconheceu ser distinto ao adotado pela deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ), também candidata à Prefeitura e que vem explorando o tema em debates e durante a propaganda eleitoral gratuita. Sem mencionar a diferença de posicionamento em relação a Marina, Molon alegou que seu eleitorado espera posicionamentos sobre questões no âmbito municipal.

? Naturalmente o cenário nacional conturbado motiva vários debates, mas o eleitor carioca quer saber mesmo quem pode melhorar ou resolver seus problemas do dia a dia ? defendeu Molon.

SEGURANÇA MUDA AGENDA

Marina e Molon tiveram assuntos mais urgentes do que o impeachment da presidente Dilma na manhã de sexta. O candidato cancelou uma caminhada que faria pela favela Nova Holanda até a sede da organização não governamental Redes da Maré após um boato, depois desmentido, de movimentação de traficantes armados na região. Molon seria acompanhado por partidários da Rede e jornalistas pelas ruas do Complexo da Maré. Por questões de segurança, trocou o itinerário por uma visita técnica à sede da ONG.

O candidato também mencionou que o tom discreto da visita servia para evitar interpretações errôneas de um suposto apoio do Redes da Maré à campanha. Apesar da coincidência entre o nome do projeto e o do partido de Molon, o candidato esclareceu que o objetivo da visita foi unicamente ouvir as reivindicações de moradores do Complexo da Maré, que rodaram principalmente nos eixos de educação, saúde e, claro, segurança.

? Vamos chamar esse tema (segurança) para a campanha. Quem pensa em segurança pública como assunto de polícia não entende nada do tema, que vai desde a prevenção com a garantia da creche na primeira infância até fornecer opções de cultura, lazer e esporte para dar oportunidades aos jovens. A polícia entra em ação quando todo o restou falhou ? criticou Molon.