Cotidiano

Recessão e juros derrumam emissões de dívidas de empresas

SÃO PAULO – A recessão econômica pelo segundo ano consecutivo e os juros elevados derrubaram as emissões de renda fixa (debêntures e notas promissórias, que são títulos de dívida corporativos) no mercado brasileiro. Até novembro, essas operações somam R$ 70,1 bilhões, recuo de 28,2% na comparação com o realizado em todo o ano passado, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

? Foi um ano de baixo investimento. A maioria dos recursos foi destinada a reduzir outras dívidas, e as operações também estão com prazos mais curtos ? explicou Eduardo Laloni, diretor da Anbima.

O tombo foi ainda maior no mercado de renda variável. As ofertas de ações somaram apenas R$ 8,8 bilhões, recuo de 51,9% em relação a 2015.

Para o ano que vem, o diretor espera um aquecimento no mercado de capitais, com mais empresas interessadas em ir para a Bolsa via oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A redução da Selic, esperada para ganhar força em 2017, também deve ajudar o mercado de renda fixa.

? Apesar de toda a turbulência, estamos na direção certa agora. E as reformas, bem ou mal, estão passando. Pode atrasar um pouco, mas as mudanças estão sendo trilhadas ? afirmou.

A expectativa é que o segundo semestre tenha um volume maior de operações em relação ao primeiro.

? Até o segundo semestre, haverá mais tempo para a queda de juros, e isso ajuda o processo como um todo ? avaliou.

O ano só não foi pior para o mercado de capitais porque as empresas com receita em moeda estrangeira conseguiram fazem captações no exterior. Com isso, as emissões totais (mercado externo e interno) chegaram a R$ 147,9 bilhões em 2016 até novembro, alta de 5,9% em relação a todo ano passado. No entanto, ainda bem longe dos mais de R$ 250 bilhões alcançados em 2014.