Policial

Receita apreende 62 ônibus e freia volta dos comboios

São Miguel do Iguaçu – A Operação Muralha, deflagrada pelo Exército Brasileiro em parceria com a Receita Federal e outras forças de segurança em toda a região da fronteira, aprendeu nos últimos 40 dias pelo menos 62 ônibus caracterizados de contrabando e descaminho naquilo que a própria Receita Federal de Foz do Iguaçu admite ser uma tentativa de retorno dos comboios à BR-277. As apreensões ocorreram na região de São Miguel do Iguaçu onde a base da operação está montada, ao lado do posto de pedágio.

No dia 16 de abril passado o Jornal O Paraná havia divulgado reportagem na qual alertava para a possível volta dessa forma de transporte de produtos trazidos ilicitamente do Paraguai, a exemplo dos comboios observados na década passada. Essa reportagem foi uma das bases para a Receita fechar o cerco com a fiscalização.

Cada um desses veículos carregava, segundo informou a auditora fiscal da receita Célia Ferrarini, em torno de US$ 50 mil em mercadorias trazidas ilegalmente do Paraguai e, com isso, somente os produtores apreendidos neles totalizam mais de US$ 3 milhões tirados de circulação. Apesar de esta edição da Operação Muralha chegar ao fim nos próximos dias, o delegado da Receita Federal de Foz, Rafael Dolzen, afirma que a fiscalização não deverá afrouxar.

O próprio delegado admite que a ação dos grupos indicava a tentativa de retorno dos comboios. A maior parte dos veículos seguia para Curitiba, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e no decorrer das apreensões o serviço de inteligência de forças nacionais de segurança interceptaram conversas de integrantes desses grupos em um aplicativo em redes sociais onde o bando combinava o fechamento de rodovias e de praças de pedágios logo que houve o acirramento da fiscalização. Somente em uma das ações, no início de maio, foram pegos 17 ônibus em um dia.

Entre os que mais chamaram a atenção foi um veículo que passou pelo posto de fiscalização vazio, ocupado apenas pelo motorista e uma suposta guia. Ao ser abordado, o motorista disse que o veículo seguiria para São Paulo para fazer compras. No cruzamento de informações com uma van que passou na sequência pela fiscalização o ônibus foi interceptado novamente no posto de pedágio em Céu Azul e se observou que ele levava, em um fundo falso, o equivalente a R$ 1,8 milhão com a versão mais moderna de aparelhos de celular IPhone. Carregamento e veículo foram lacrados e enviados para o pátio da Receita e os envolvidos vão responder cível e criminalmente.

Retorno

A auditora fiscal Célia Ferrarini lembrou que os 62 veículos apreendidos foram levados para o pátio da Receita, mas que parte deles pode ser leiloada fazendo com que retornem à vida criminosa. Aliás, esta também foi uma constatação durante a apreensão dos veículos, pois alguns deles já haviam sido interceptados em outras ocasiões mas retornaram às ruas após serem leiloados com a finalidade de serem usados para o turismo.

Além dos ônibus, outros 30 mil veículos serão vistoriados até o fim da Operação Muralha. Os dados das apreensões ainda não foram fechados, mas já se pode ter um diagnóstico preocupante: “Temos observado que os dados de apreensões deste ano são maiores do que todas as outras edições da Operação Muralha. Os volumes financeiros das apreensões já superam as demais edições. Vamos finalizar em breve estes dados”, afirmou o delegado da Receita Federal, Rafael Dolzen.

Operação Integrada

Ontem a governadora Cida Borghetti e o secretário de Segurança Pública do Paraná, Julio Reis, estiveram na base onde a Operação Muralha é realizada, em São Miguel do Iguaçu, ao lado do posto de pedágio em São Miguel do Iguaçu na BR-277.

Além de conhecerem a estrutura onde o Estado aparece como parceiro com policiais civis e militares, além do aparato técnico, eles reafirmaram o prolongamento das ações de fiscalização na fronteira do Brasil com o Paraguai, uma importante porta de acesso para contrabando, descaminho, tráfico de drogas, armas e munições.

A Operação Forças Integrada é realizada em parceria com as forças de segurança estadual e nacional e não tem data anunciada para chegar ao fim.

As ações ocorrem desde Foz do Iguaçu até Guaíra por terra, por água e por ar.