Cotidiano

Reação à crise

As crises fiscais em todos os níveis (federal, estadual e municipal) nos assolam diariamente e criam um certo desânimo na sociedade. No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a situação é mais grave porque ameaça até o custeio básico para as folhas de pagamento, os serviços essenciais de manutenção dos serviços hospitalares e escolares. Sem contar que, por força do grande desequilíbrio das contas públicas, os novos investimentos do estado tornaram-se impossíveis, com repercussão negativa, sobretudo, quanto à manutenção e geração de novos empregos.

Para muitos, porém, crise significa oportunidade. Pode-se ressaltar como exemplo disso a iniciativa da Fecomércio, ao lançar o Mapa do Comércio, possibilitando a discussão sobre as vocações e oportunidades regionais elaboradas pelos atores locais, com propostas concretas resultantes de grupos de trabalho.

O Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro 2016-2025, elaborado pela Firjan, é outro bom exemplo da vital mobilização da sociedade para enfrentar a dura realidade. As propostas foram organizadas por temas que, em conjunto, servem como base para a proposição de um convincente projeto de desenvolvimento para o Rio de Janeiro. O sistema tributário, o mercado de trabalho, a infraestrutura, as políticas públicas e a gestão empresarial foram os importantes temas escolhidos para essa contribuição de grande energia mobilizadora.

O trabalho que vem sendo desenvolvido pela Associação Comercial, através do fortalecimento de seus conselhos setoriais, promovendo o debate e oferecendo alternativas estratégicas, é outra ação propositiva de grande importância para enfrentar a conjuntura difícil.

Nesse quadro, uma ação viável seria, também, a criação de uma política seletiva de incentivos para novos polos de desenvolvimento, capazes de conter o esvaziamento das empresas de tecnologia da informação, que têm demitido centenas de colaboradores. Muitas se transferem para outra localidade ou até fecham suas portas, comprometendo o desenvolvimento de uma das maiores vocações do Rio de Janeiro.

Com base na lei federal que cria o Marco Legal da Tecnologia, seria possível elaborar a versão local, inclusive aproximando nossas universidades estaduais, dotadas de grande capacidade acadêmica e de pesquisa, das demandas de nossas empresas, e dando robustez a um projeto deste gênero.

Para reagir e enfrentar o grave quadro de nossa economia, esconjurando as piores e mais dramáticas perspectivas, as lideranças políticas, empresariais e universitárias precisam buscar novos caminhos. Devem tomar como inspiração as diversas iniciativas adotadas em outros estados que, criativamente, têm gerado bons frutos e esperança. Nossa obrigação maior e urgente é nos mobilizar.

Benito Paret é presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro