Cotidiano

Rajoy perde nova moção de confiança, e Espanha fica em limbo político

SPAIN-POLITICS-GOVERNMENT-PARTIES-GUH2T4IVH.1.jpgMADRI – Dois dias depois de fracassar em estabelecer governo, o presidente interino do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, foi derrotado nesta sexta-feira na segunda moção de confiança no Parlamento espanhol (180 votos contrários e 170 a favor). O líder do Partido Popular (PP) teve a posse rejeitada. Com este bloqueio político, os espanhóis terão de voltar às urnas em 25 de dezembro, dia de Natal, a menos que seja apresentada uma alternativa viável de maioria no governo ? algo muito improvável, devido à fragmentação política deixada após as últimas duas eleições gerais. rajoy

O Partido Socialista (PSOE), com 85 deputados, permaneceu firme no ?não? a Rajoy, o que voltou a fazer com que ele não conseguisse forças suficientes para mudar a votação.Enquanto isso, seu líder Pedro Sánchez, sinalizou uma tentativa de formar um governo alternativo, fazendo concessões ao jovem partido de esquerda Podemos. O líder da sigla, Pablo Iglesias, pressionou o colega no meio do debate, pedindo que ?ele se decidisse?.

? Nós, grupos que representam a força da mudança, temos a responsabilidade de oferecer uma solução a este país. Se atuarmos com visão e generosidade, encontraremos essa solução e o PSOE fará parte dela ? disse Sánchez.

DERROTA ESPERADA

Ao contrário da votação anterior, na qual precisava de uma maioria de 176 deputados (de um total de 350), para o presidente do governo bastava nesta sexta receber mais votos “sim” que “não”. Mas Rajoy (que buscava um segundo mandato) já não vinha esperando uma grande mudança, apesar de defender a urgência de se ter um governo e evitar assim as novas eleições. Os socialistas se recusaram a até mesmo se abster para que o PP alcançasse um frágil governo de minoria parlamentar.

No domingo passado, os conservadores asseguraram o apoio dos liberais do Cidadãos, mas sem alcançar ainda a maioria necessária para que seu líder, Rajoy, formasse um novo governo e tirasse o país da paralisia política. Ele teve o apoio de 170 deputados (137 do PP, 32 dos Cidadãos e um de um partido regionalista das Canárias). Foram seis apoios a menos do que o necessário para obter o voto de confiança da Câmara baixa (350 cadeiras) na primeira votação. Já nesta sexta-feira, o Cidadãos disse que “expirou seu prazo” de apoiar Rajoy, caso ele não fosse empossado no Parlamento.

? Terceiras eleições significariam dizer ao eleitor que o voto dele não vale nada ? criticou o líder da sigla, Albert Rivera, que recomendou ao PP que escolhesse outro líder para o partido (Rajoy tem baixa popularidade com o eleitorado espanhol).

Desde as eleições de 20 de dezembro passado, a Espanha continua sem conseguir formar um governo definitivo. Aquele pleito e a nova ida às urnas em junho resultaram em um Parlamento fragmentado entre quatro grandes forças: PP, PSOE, Podemos e Cidadãos. Em ambas as ocasiões, o PP saiu na frente, com o PSOE em segundo. No entanto, nenhuma das legendas foi capaz de apresentar soluções para alcançar uma maioria parlamentar em coalizão ? Rajoy nunca conseguiu qualquer apoio além do Cidadãos, e o PSOE não conseguiu pactar uma alternativa viável junto ao Podemos e outros partidos menores de esquerda.

A economia espanhola registrou no segundo trimestre um crescimento em ritmo anual de 3,2%, um dos melhores resultados da União Europeia (UE), mas mantém um alto nível de desemprego, de 20%, o pior da região, ficando atrás apenas da Grécia.