Cotidiano

R$ 11 bilhões: Obras que poderiam estar prontas ficam só no papel

Obras importantes para a economia não avançaram um único palmo em 2015

Foz do Iguaçu – Enquanto quem está no poder perde tempo se deixando seduzir pelas benesses do cargo ou dando explicações à polícia, o País é condenado ao atraso. Cinco obras importantes para a região e para o Brasil, que deveriam ter avançado tanto na prancheta quanto na prática, simplesmente foram ignoradas pela União ao longo de 2015.

Juntas, ultrapassam os R$ 11 bilhões, menos do que o Oeste pagou em impostos ao longo do ano – R$ 12,5 bilhões. Uma das obras mais aguardadas pela região, e fundamental para as relações comerciais entre Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, simplesmente foi abandonada.

A ferrovia entre o litoral do Paraná em direção a Maracaju, no Mato Grosso do Sul, deveria ter avançado em projetos e as primeiras licitações já deveriam ter ocorrido. Entretanto, não há qualquer sinal de que a obra seja considerada importante pelo governo. Enquanto isso, o setor produtivo vê seus custos aumentarem e a competitividade de seus produtos mergulhar no abismo.

Um estudo elaborado pelo Fórum Futuro 10 Paraná, sob liderança da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), listou as obras consideradas estratégicas para a economia do Estado e do Brasil. O trecho de 1,1 mil quilômetros da estrada de ferro aparece no topo do ranking, ao lado da reestruturação e da ampliação do Porto de Paranaguá. A ferrovia está orçada em R$ 8 bilhões.

Preciosismo e falta de planejamento

Enquanto excessos e crimes ambientais, a exemplo dos denunciados pela Araupel em áreas invadidas pelo MST, são simplesmente ignorados por órgãos ambientais do Estado e da União, em outras situações o excesso castiga empreendimentos vitais e que já poderiam estar prontos e ajudando o País a crescer.

Exemplo disso é o que ocorre com a Usina do Baixo Iguaçu, cujas obras estão paralisadas por mais de um ano e meio devido a uma decisão judicial. Com base em uma ressalva feita pelo ICMBio, as obras da hidrelétrica foram interrompidas em julho do ano passado e mais de 1,5 mil trabalhadores perderam seus empregos.

A concessionária que venceu licitação para a construção do empreendimento, formada pela Neoenergia e Copel, precisou desembolsar grandes somas para atender às solicitações.

Depois de muito custo, somente agora o consórcio volta a se mobilizar para retomar os trabalhos. A burocracia vai atrasar a construção da hidrelétrica em pelo menos dois anos. Orçada em R$ 1,7 bilhão, ela terá capacidade, quando estiver pronta, de produzir energia suficiente para abastecer cidade com mais de um milhão de habitantes.

Ponte e duplicação

Outra obra que já poderia estar pronta é a segunda ponte internacional entre Brasil e Paraguai, a partir da região do Porto Meira, em Foz do Iguaçu. Um conjunto de fatores contribuiu para o atraso e, além disso, a que deverá ser entregue em alguns anos será aquém do que a região precisa para que sua integração melhore e gere dividendos para essa parcela do Mercosul e da América Latina.

Técnicos e líderes defendiam que a ponte fosse bimodal – rodoviária e ferroviária -, mas o governo ignorou os apelos e entendeu que rodoviária seria mais do que suficiente para acabar com congestionamentos e responder às exigências da região. Já licitada e com valor acima dos R$ 330 milhões, a segunda ponte ainda não tem previsão de início.

A duplicação de dois trechos da BR-163, em percurso de 112,9 quilômetros, foi anunciada com pompa há mais de um ano. Os ministros dos Transportes e das Comunicações, à época Paulo Passos e Paulo Bernardo, estiveram na região para entregar as ordens de serviços.

Os 38,9 quilômetros entre Toledo e Marechal Cândido Rondon estão na fase inicial, entretanto os 74 entre a divisa de Cascavel e Santa Tereza do Oeste com Marmelândia, em Realeza, não tem sequer previsão de início. Juntas, elas custarão mais de R$ 800 milhões.

Atraso leva ao improviso

Outro projeto que já deveria estar pronto é a construção da estrutura física da Unila, a Universidade da Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu. Orçada em mais de R$ 300 milhões, as obras foram paralisadas devido a desentendimento entre o contratante e a empreiteira que venceu a licitação.

(Com informações de Jean Paterno)