Cotidiano

Quinze anos depois, Planet Hemp e Black Alien se reúnem no palco

RIBEIRÃO PRETO ? Uma foto publicada por Marcelo D2 em uma rede social na última terça-feira foi o suficiente para despertar a expectativa dos fãs do Planet Hemp por um reencontro que, há alguns anos, seria improvável. O almoço com Gustavo de Almeida Ribeiro, o Black Alien, que deixou o grupo de D2 e BNegão em 2001, acabou se transformando na reunião dos três no palco da 15ª edição do festival João Rock, em Ribeirão Preto.

Black Alien tinha terminado seu curto show, em que apresentou faixas de seu mais recente disco, “Babylon by Gus Vol II: No princípio era o verbo”, e já se despedira do público, que se encaminhava para o palco em que o Planet Hemp tocaria minutos depois, quando ele e BNegão surgiram e pediram que a produção religasse os microfones. O princípio de histeria ganhou corpo quando D2 apareceu correndo no palco, dizendo: “po, tinha ido mijar, mas cheguei”.

A partir daí, DJ Castro, que acompanhou Black Alien em seu show, deu o “play” na base de “Contexto” e o trio ligou sua metralhadora de versos como se dividissem o palco todos os dias. Foi apenas uma música, mas o suficiente para aquecer com estilo o público para o show do Planet Hemp, que viria a ser um dos melhores do festival.

? Foi maneiraço, cara. A gente nunca deixou de se falar, só se afastou um pouco. A gente vai ficando velho e as picuinhas ficam de lado ? afirmou D2 nos bastidores, enquanto o show de Criolo, que fechava o festival, já rolava.

? Eu parei de beber, ele também, então era uma boa hora para um encontro. A gente não combinou nada de tocar junto de novo, só de se encontrar com mais frequência mesmo. Acho que a parada mais importante era isso, de voltarmos a nos falar. Se a gente vai tocar de novo junto um dia, isso é consequência.

No papo rápido, pouco antes de deixar o parque permanente de exposições de Ribeirão Preto, D2 admitiu a importância do reencontro para os fãs, e ressaltou:

? É maneiro para nós também. Nós três juntos… Perdemos tantos amigos nesses anos, sabe? Éramos cinco, já se foi o Skunk, já se foi o Speed… Agora, estamos nós três aí, mais vivos do que nunca, saudáveis. Não foi mole passar pelos anos 1990, não. AIDS, cocaína, tiroteio, polícia, Rio de Janeiro violento…

O rapper carioca ainda comentou os boatos de que o Planet Hemp teria voltado ao estúdio, após a circulação de algumas fotos em redes sociais.

? A gente não está em estúdio porra nenhuma, não – disse, em tom descontraído. ? Aquela foto é porque eu estou refazendo a demo do Planet Hemp de 1993 para o filme ‘Anjos da Lapa’ (cinebiografia sobre D2, estrelada por Thiago Martins) que os caras estão fazendo, com os atores cantando. A gente deve fazer alguma coisa aí, mas, cara, talvez no ano que vem. Começamos a ensaiar para fazer umas paradas… É muito difícil voltar a fazer o Planet Hemp, voltar a pensar como Planet Hemp… Se for para sair, tem que ser sem pressão.

* Luccas Oliveira viajou a convite do festival