Cotidiano

Quem é o juiz que mandou prender Eike Batista, Sérgio Cabral e seu assessor

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RIO – As determinações para as prisões do ex-governador Sérgio Cabral, em novembro do ano passado; do empresário Eike Batista, no último dia 27 de janeiro; e, nesta quinta-feira, de Ari Ferreira da Costa Filho, um dos principais aliados de Cabral, têm a assinatura de um mesmo juiz.

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Titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, já chamado de “Sérgio Moro carioca”, também condenou o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, a 43 anos de prisão. A pena, decretada em agosto do ano passado, é bem mais dura do que aquela imposta, por exemplo, ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado pelo próprio Moro a 23 anos de cadeia.

Nesta quinta-feira, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal realizam cumprem um mandado de prisão preventiva contra Ari Ferreira da Costa Filho e 10 mandados de busca e apreensão em novo desdobramento da Operação Calicute, vinculada à Lava-Jato no Rio. Costa Filho é considerado um dos principais operadores financeiros do grupo ligada a Sérgio Cabral, com quem começou a trabalhar em 1980. Todos os mandados foram expedidos pelo juiz Bretas.

Filho de um comerciante e uma dona de casa, Bretas nasceu em Nilópolis, na Baixada Fluminense, em 1970. Estudou no Colégio Renovação, em Nova Iguaçu, e se formou em Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Passou no concurso do Ministério Público Estadual e foi promotor por dois anos. Em 1997, ele se tornou virou juiz federal. Atuou em varas em Volta Redonda, Três Rios e Petrópolis.

Desde 2015, o magistrado é titular da 7ª Vara Criminal Federal do Rio. Naquele mesmo ano, Teori Zavascki, então relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, decidiu desmembrar as investigações em Curitiba, no Paraná, e enviou o caso da Eletronuclear para o Rio. No dia 3 de agosto do ano seguinte, Bretas condenou o ex-presidente da estatal a 43 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisão e organização criminosa durante as obras da usina nuclear de Angra 3.

Enquanto trabalhou na Região Serrana do Rio, onde ficou por 12 anos, Bretas aproveitou para fazer um mestrado na Universidade Católica da cidade. Orientado pelo professor Cléber Francisco Alves, ele escreveu sua dissertação sobre os limites das interceptações telefônicas por parte do Estado.

– O Bretas foi um dos alunos mais dedicados que orientei. Sempre foi uma pessoa educada e serena. No meio do mestrado, tomou a iniciativa de estender os estudos no exterior – contou o professor ao jornal “Extra” em dezembro do ano passado.

O magistrado é casado e tem dois filhos adolescentes com a também juíza Simone Bretas, que conheceu ainda na UFRJ.Evangélico e frequentador da Comunidade Evangélica Internacional da Zona Sul do Rio, no bairro do Flamengo, Bretas citou a Bíblia para justificar a prisão de Cabral: ?Por que será que as pessoas cometem crimes com tanta facilidade? É porque os criminosos não são castigados logo?.

Conhecido por seu rigor no cargo, Bretas já disse que não sente nenhuma satisfação em mandar pessoas para a cadeia.

– Só tenho prazer em soltar. Antes, porém, preciso analisar os fatos. Para mim, não faz diferença se é o Sérgio Cabral ou o João da Silva. É claro que sei que um caso como o do ex-governador vai repercutir, mas tento dar poucas entrevistas para não acharem que quero promoção pessoal – disse o juiz ao “Extra”.