Agronegócio

Quebra foi intensificada pela compactação do solo

Quebra foi intensificada pela compactação do solo

Toledo – As más condições de conservação do solo como o excesso de compactação provocado pela erosão e pela falta de rotação de cultura e manejo adequado foram fatores que potencializaram as perdas em praticamente todas as lavouras nas duas últimas safras na região oeste do Paraná, sobretudo a perda bilionária registrada nas lavouras de soja no ciclo em curso.

Para o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Norberto Ortigara, a escassez de chuva e as altas temperaturas em dezembro tiveram seus efeitos potencializados nas lavouras devido às más condições da terra: “Se o solo estivesse devidamente conservado, a umidade retida nele teria contribuído para que o cultivo se desenvolvesse de forma mais adequada e sofresse menos”, afirma, e segue: “Às vezes o produtor está muito preocupado em cultivar uma safra atrás da outra e não tem o devido cuidado com a conservação, esquece que o solo precisa de nutrientes, uma boa cobertura… Sabemos que uma parte expressiva das perdas foi provocada pelas condições do solo, não apenas pela interferência do clima e do tempo. Por isso precisamos entender exatamente o que está acontecendo com as áreas produtivas no Estado”.

Conforme o secretário, por conta disso, a Seab, em parceria com outros órgãos, encomendou um estudo que vai mapear esses aspectos por todo o Paraná.

Essa análise detalhada dará espaço a um mapeamento, identificando a qualidade do solo e os tratos culturais necessários para cada região produtora, considerando a potencialidade produtiva de cada uma delas. Após essa leitura, os produtores serão orientados mais incisivamente sobre o melhoramento e a recuperação da terra, medidas muitas vezes simples mas que ajudam a melhorar a produtividade. “Não se pode esquecer que os tratos com a terra precisam ser feitos para garantir que a produtividade se mantenha elevada. Se só explorar a terra, uma hora ela cobra a conta”, alerta.

Ortigara explica que, além de não segurar a umidade, a má conservação do solo potencializa perdas quando há excesso de chuva, formando possas ou então lavando as lavouras.

Perdas crescem na região de Toledo

No último levantamento oficial sobre a soja divulgado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), a região havia perdido 14% no núcleo regional de Cascavel e 39% no núcleo de Toledo. Na quinta-feira desta semana, o Deral deve divulgar novo boletim. A expectativa é de que os dados confirmem uma quebra ainda maior na safra.

No núcleo de Cascavel, onde foram cultivados 537.250 hectares, a expectativa inicial era colher 2 milhões de toneladas de soja. No levantamento divulgado há pouco mais de duas semanas, a previsão havia sido revista para 1,721 milhão de toneladas.

O técnico do Deral de Cascavel José Pértille acredita que no núcleo o índice de 14% não sofra variação. A tendência é para que as perdas não se acentuem e a produtividade média pode até melhorar. “No início da colheita, principalmente nos municípios beira Lago de Itaipu, os produtores estavam colhendo em média de 20 a 25 sacas por hectare. Nos últimos dias, a média tem chegado a 60 sacas por hectare”, adianta.

Essas condições teriam mudado em decorrência da colheita que avança na região de Cascavel. Como as lavouras cultivadas no fim de setembro e no início de outubro ficaram menos expostas à falta de chuva e às altas temperaturas, os produtores estão conseguindo resultados melhores. O apurado pela reportagem com cooperativas e unidades produtoras é de que a quebra desta vez pode não sofrer alteração percentual. Na região de Cascavel, 80% das lavouras foram colhidas e a expectativa é para que ela encerre de vez nos próximos 15 dias.

Já no Núcleo Regional de Toledo, com abrangência em 20 municípios, as perdas devem crescer. Segundo o técnico do Deral Paulo Oliva, 96% das lavouras foram colhidas. A quebra na produção já chega a 43%. Assim, onde se esperava colher 1,805 milhão de toneladas, agora não deve passar de 1,101 milhão de toneladas, nos 481.408 hectares cultivados. “As perdas cresceram um pouco, mas a principal redução foi mesmo nos municípios beira Lago de Itaipu. Acredito que até a próxima semana a colheita seja finalizada por aqui”, destacou.

Assim, o oeste, que esperava colher mais de 3,8 milhões de toneladas da oleaginosa nesta safra, deverá colher 2,8 milhões de toneladas e, com média de R$ 70 a saca de 60 quilos, as perdas no oeste representam R$ 1,2 bilhão.