Cotidiano

Quase metade das restrições ocorre por falta de emprego

São Paulo – Ao longo do último um ano e meio, o desemprego apresentou um crescimento de 13 pontos percentuais entre os principais motivos que levaram à restrição dos consumidores brasileiros. A constatação é da Pesquisa Perfil do Consumidor, elaborada pela Boa Vista SCPC, no decorrer do 1º semestre de 2018, com cerca de 1.700 pessoas, em todo o País.

No primeiro semestre de 2017, 32% alegaram que a falta de renda ocasionada pelo desemprego prejudicou o pagamento das contas e, consecutivamente, os levaram à inadimplência. Já no primeiro semestre deste ano, foram 45%. O desemprego historicamente se mantém na liderança dos motivos que levam à inadimplência, de acordo com levantamentos da Boa Vista SCPC.

O descontrole financeiro ficou em segundo lugar dentre os motivos responsáveis pela restrição. Dos 20% de respondentes no primeiro semestre de 2017, no mesmo período deste ano foram 18% os que informaram ter ficado com o nome sujo por gastarem mais do que ganham. O empréstimo do nome a terceiros veio logo em seguida, como o terceiro principal motivo da inadimplência. Eram 11% no primeiro semestre de 2017 e na última pesquisa 18% informaram ter ficado com o nome negativado ao obter crédito para ajudar outra pessoa.

Socorro

Parentes e familiares são os mais procurados pelos consumidores no momento do aperto financeiro, e representam 46% das menções. Em segundo lugar estão os bancos (29%), depois as financeiras (25%) e amigos/colegas (23%). Mesmo assim, somente 10% conseguem a ajuda esperada por parte dos familiares, e apenas 3% dos bancos.

De acordo com a pesquisa da Boa Vista SCPC, o comprometimento com o pagamento de contas diversas e os gastos com itens de vestuário e calçados foram os que mais pesaram no orçamento dos consumidores. O primeiro passou de 23% para os atuais 26%, e o segundo fator dos 15% para os 19%, respectivamente, na comparação entre o primeiro semestre de 2018 e o segundo semestre de 2017.

Já entre as contas diversas citadas acima que deixaram de ser pagas: 33% referem-se à educação (colégio, cursos etc); 19% a compra de aparelho celular/smartphone; 15% com saúde (plano médico etc); 12% com taxas e tarifas (IPTU, IPVA, condomínio etc), 11% com outras contas (consertos de carro, despesas extras etc) e 10% com lazer.

Segundo o estudo, 86% das contas vencidas que causaram a restrição estão em atraso há mais de 90 dias; 11% de 30 a 60 dias e apenas 3% estão com o vencimento atrasado a menos de 30 dias. Metade dos consumidores possui até duas contas vencidas (no segundo semestre de 2017 eram 40%); 31% têm três ou quatro contas e 19% têm mais de quatro contas com pagamentos vencidos.

Em valores

Dos inadimplentes, 66% dos consumidores possuem dívidas de até R$ 3.000 (contra 56% do semestre passado); 32% deles possuem dívidas de até R$ 1.000 (contra 24% anteriores); 34% deles possuem dívidas com valores acima de R$ 1.000 até R$ 3.000 (contra 32%). Já o percentual de consumidores com dívidas acima de R$ 5.000 caiu de 29% para 18%.

Sobre o nível de endividamento, dos consumidores que estão inadimplentes, 70% afirmaram estar muito endividados neste último semestre, contra 73% dos respondentes na comparação com o mesmo período do ano passado. E, desses, 81% disseram ser difícil manter as contas em dia, contra 88% no mesmo período de 2017. E mais, 56% informaram que estão com mais de 50% da renda comprometida com o pagamento de dívidas (vencidas ou não). No mesmo período de 2017, eram 66%.