Cotidiano

Quase 10% da população do Paraná vive sem instrução

Desigualdade em políticas públicas reflete no índice de analfabetos

Cascavel – O problema de pessoas sem escolaridade é conhecido por todo o País, entretanto, ainda não houve avanços em políticas públicas adequadas para lidar com ele.

Somente no Paraná 9% da população vive sem qualquer tipo de instrução. Segundo dados apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre os 6.932.725 paranaenses, 669.318 não foram alfabetizados.

Os números correspondem ao último levantamento da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), realizado em 2013, e são mais relevantes entre pessoas com 70 anos ou mais. Apesar disso, a realidade na faixa etária de quem poderia estar no auge de uma vida profissional também impressiona.

De acordo com a professora Kátia Salomão, que leciona a disciplina de sociologia e antropologia para o curso de Direito, a maior dificuldade é decorrente da falta de oportunidades justas e iguais a todos os cidadãos.

?A sociologia preza pela igualdade e o olhar ao diferente, mas diante do grande número de excluídos no processo de alfabetização, percebemos que as oportunidades iguais são negadas?, afirma.

Considerando homens e mulheres entre 25 e 44 anos, há 131.111 paranaenses sem instruções. A professora destaca que não faltam talento e capacidade cognitiva para o estudo, mas que as poucas políticas públicas proporcionadas pelo governo se limitam a oportunidades que são extremamente concorridas.

?Em turmas da faculdade, por exemplo, há no máximo quatro alunos atendidos pelo Prouni e apenas metade recebe o benefício integral. Esses alunos, além da dificuldade que enfrentam para ingressar em uma instituição de ensino superior de qualidade, disputam a bolsa com outros 500?, explica Kátia. 

Mais de 31% dos idosos nunca estudaram

O grupo de idosos totaliza 1.401.449 pessoas e 31,48% dos pesquisados nunca estudaram. O índice elevado de analfabetos é justificado pela questão cultural.

?As condições de existência material de antigamente eram diferentes. Hoje, por mais que essas pessoas tenham saúde, iniciar o estudo é mais difícil do que para o público jovem?, comenta a professora.

(Com informações Romulo Grigoli)