Esportes

Quando a segurança desafina e o futebol sai do tom no carnaval

O calendário apertado levou a Federação de Futebol (Ferj) do Rio a marcar, no início deste ano, uma das semifinais da Taça Guanabara, com grandes chances de ser um clássico, para o sábado de carnaval na cidade, sem consulta prévia à polícia militar. Preocupação que a PM não tinha desde 2013, quando Fluminense e Vasco empataram em 1 a 1, em jogo válido pela primeira fase do Carioca, no Engenhão para cerca de 18 mil pessoas.

Desde aquela partida há quatro anos, a Ferj evitou usar a data para jogos do Estadual. Agora, a corporação não garantiu a segurança para a realização do jogo entre Flamengo e Vasco no mesmo estádio, onde Diego da Silva dos Santos, 28 anos, torcedor do Botafogo, foi assassinado antes do clássico com o Flamengo, no último dia 12.

– Tudo foi debatido na reunião, todas as ponderações foram feitas (da realização de jogos no carnaval em outros anos). Não podemos intervir na posição da Polícia Militar, e foi o que ela disse ser possível – argumentou o presidente da Ferj, Rubens Lopes sobre a ida do jogo para o Raulino de Oliveira, em Volta Redonda.

Justamente neste período, houve uma queda no efetivo policial do estado, segundo publicou O GLOBO, no último domingo. Em 2013, a PM contava com 46.135; agora são 45.865 policiais em todo o estado. A perda, analisada friamente, não é tão impactante. Porém, nesse mesmo período, além do aumento da população, o carnaval carioca ganhou números impressionantes.

No ano do último clássico marcado na cidade durante a folia, por exemplo, o carnaval do Rio bateu o recorde de público. Foram cerca de seis milhões de pessoas em quase 500 blocos espalhados pelos bairros. Nos dois anos anteriores, a data recebeu vários jogos de rodadas finais da Taça Guanabara. Porém, nenhum confronto entre os quatro grandes.

Em 2012, quatro partidas foram disputados nos estádios do Rio. Naquele ano, o número de blocos era um pouco menor e cerca de 5 milhões pessoas passaram por ele. Em 2011, foram apenas dois, com praticamente o meso número de blocos do ano seguinte (424) e público semelhante.

Na última vez que o Maracanã sediou uma semifinal de Taça Guanabara na abertura do carnaval, o evento de rua era bem menor. Em 2010, Fluminense e Vasco empataram em 0 a 0 – o Flu venceu nos pênaltis -, no Maracanã, com público de mais de 36 mil pessoas. Enquanto isso, os blocos do Rio levaram 2,5 milhões de foliões às ruas, menos da metade dos últimos anos.

As duas equipes também se enfrentaram em 2007, mas pela fase regular da Taça Guanabara. Naquele ano, ainda houve mais dois jogos na cidade no primeiro dia de folia. Naquela mesma data, o carnaval de rua do Rio era aberto pelo mais tradicional bloco carioca, o Cordão da Bola Preta, que foi seguido por 200 mil pessoas – atualmente, os números chegam a mais de 1,5 milhão.