Cotidiano

PT adota tom cauteloso por temor de decisão do STF ser revogada

BRASÍLIA – Diferente do tom incisivo do líder da oposição, Lindbergh Farias (PT-RJ), que disse nesta segunda-feira que “a pauta de Renan Calheiros foi embora com ele”, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), adotou um tom bem mais cauteloso após reunião da bancada com o vice-presidente da Casa Jorge Viana (AC), que assume o cargo com o afastamento de Calheiros. Tanto ele quanto Viana continuaram a chamar o peemedebista de “presidente”, e o líder petista afirmou que Calheiros vai recorrer da decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), o que gerou na bancada a adoção de um discurso bem mais leve do que o usado mais cedo.

Há ainda uma avaliação de que o governo Michel Temer “não deixará” que a presidência do Senado caia nas mãos de um petista, o que pode atrapalhar a agenda de votações do governo. A pauta mais importante é a votação do segundo turno da PEC do teto de gastos, matéria que sofre enorme resistência do PT.

Apesar do sorriso estampado no rosto de alguns senadores petistas que deixaram a reunião nesta noite, Humberto Costa disse que seria “precipitado” fazer qualquer comentário sem que Viana tenha recebido um comunicado oficial do STF. Ele também pediu “paciência e cautela” para tratar do afastamento de Renan.

? Não tivemos confirmação oficial do STF, foi uma decisão tomada monocraticamente que precisa ser confirmada ainda no plenário e, além disso, o próprio presidente Renan deve tomar alguma medida em relação a isso. Até que isso se concretize, nossa posição é de expectativa ? disse o líder do PT no Senado, afirmando ser “precipitada” qualquer fala sobre o partido já no comando da Casa:

? Até o momento em que haja confirmação do pleno do Supremo, o que deve acontecer essa semana, qualquer comentário seria precipitado. Se efetivamente a decisão vier a ser confirmada, não haverá problema de o PT assumir.

Perguntado sobre mudanças no cronograma de votações da Casa, Costa disse que não houve ainda qualquer discussão sobre tirar ou incluir coisas na pauta.

? Não houve essa discussão entre nós, achamos que não há o que discutir em termos do que fazer enquanto não houver a confirmação disso, de se for o caso essa mudança de comando. Nesse momento o bom é termos um pouco de paciência e cautela para que o quadro efetivamente se consolide ? disse.

A cautela era tanta que Jorge Viana, perguntado sobre mudanças na pauta do Senado, disse que isso era pergunta para “o presidente Renan”.