Cotidiano

Protestos forçam Romênia a cancelar decreto que descriminaliza casos de corrupção

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RIO ? O primeiro-ministro da Romênia disse neste sábado que está cancelando um decreto que teria protegido dezenas de políticos de denúncias de corrupção, depois de uma das maiores ondas de protestos no país desde a queda do ditador Nicolae Ceausescu, em 1989. Cerca de 170 mil manifestantes se concentrarm em frente ao escritório do primeiro ministro, segundo estimações da polícia.

Sorin Grindeanu disse que o decreto, que segundo o governo era uma tentativa de aliviar as prisões superlotadas, seria revogado no domingo, apenas cinco dias depois é aprovado pelo gabinete. O decreto previa a descriminalização de crimes de abuso de autoridade envolvendo somas abaixo de 48 mil dólares e deveria entrar em vigor na semana que vem.

?Eu não quero dividir a Romênia, a Romênia não pode ser dividida em duas?, declarou Grindeanu, referindo-se ao descontentamento público. ?Agora, a Romênia parece quebrada. Meu último desejo é testemunhar isso?.

Enquanto ele fazia o anúncio ao vivo na televisão, alguns dos manifestantes anticorrupção fora de seu escritório, que a polícia estimou em 170 mil, cantou: ?Renuncie! Renuncie!?.

Logo depois, uma imagem de um mapa da Romênia foi projetada a laser em um prédio próximo, com as palavras ?Nós levamos?. Protestos em cerca de 70 cidades em todo o país reuniram mais de 300 mil pessoas, segundo estimativas da polícia.

?Eles devem ir. Este é um governo incompetente?, disse um manifestante que se identificou como Gabriel. ?Não queremos ver isso se repetindo, não vamos desistir?.

O decreto, visto por seus críticos como o maior retrocesso em reformas desde que a Romênia ingressou na União Européia em 2007, protegeria centenas de funcionários da justiça. Com isso, poderia ser encerrado o o julgamento em andamento do chefe do Partido Social Democrata (PSD), Liviu Dragnea, visto como o verdadeiro poder por trás do governo de Grindeanu, que assumiu o cargo no mês passado.

Dragnea, cuja condenação por fraude eleitoral o impediu de exercer cargos, é acusado de usar sua influência política para garantir salários estaduais para duas pessoas que trabalharam na sede do partido entre 2006 e 2013. Ele nega o delito. Dezenas de figuras políticas de todos os partidos também se beneficiariam com o decreto. Nove potências ocidentais, incluindo a Alemanha e os Estados Unidos, disseram estar profundamente preocupados com o decreto que poderia prejudicar as parcerias da Roménia na UE e na NATO.