Cotidiano

Protesto em Los Angeles contra Trump tem quase 200 detidos

RIO ? A segunda noite de protestos contra a eleição de Donald Trump chegou a ter quase 200 detidos apenas em Los Angeles, segundo a polícias. Numa marcha da prefeitura ao Staples Center, 185 pessoas foram levadas pela polícia, e um agente ficou ferido. Manifestantes estão planejando mais ações contra o presidente eleito depois de milhares de pessoas irem às ruas em várias cidades do país na quinta-feira. Em Portland, Oregon, a marcha terminou em violência. Trump, que criticara os manifestantes, adotou um tom mais conciliador diante dos insatisfeitos.

Imagens mostraram uma multidão interrompendo o trânsito no início da madrugada, e alguns manifestantes vandalizando áreas com grafite, garrafas quebradas e lançando fogos de artíficio. O agente que ficou ferido teve alta já na sexta-feira. Segundo a polícia, as prisões foram feitas sob acusações principalmente de vandalismo e desobediência frente às forças da lei.

Os protestos de quinta-feira foram em geral menores em escala e menos intensos que os de quarta-feira, enquanto adolescentes e jovens adultos novamente dominavam as multidões racialmente misturadas. A maior preocupação que emanava das marchas era de que a eleição do magnata significasse a restrição de direitos civis. Majoritariamente pacíficas, as manifestações registraram pequenos atos de desobediência civil e vandalismo.

Na Costa Leste, protestos ocorreram em Washington, Baltimore, Filadélfia e Nova York, enquanto os manifestantes da Costa Oeste reuniram-se em Los Angeles, São Francisco, Oakland e Portland.

Cerca de quatro mil pessoas ocuparam as ruas de Portland. A partir da meia-noite, policiais usaram fumaça ? segundo a mídia local, gás lacrimogêneo ? para dispersar a multidão. A polícia classificou o ato de motim e deteve 26 pessoas.

Alguns manifestantes quebraram vidros de carro e lojas e incendiaram latas de lixo.201611110351432618_RTS.jpg

Organizadores de protesto e ativistas em todo o país estão debatendo seus próximos movimentos em meio a clamores por uma ação mais direta.

? É hora de começar a treinar nossos jovens em desobediência civil não-violenta novamente ? disse Benjamin Jealous, ex-chefe da associação de direitos civis das minorias NAACP. ? Transformar a raiva em poder exige disciplina e foco.

A polícia de Baltimore informou que cerca de 600 pessoas marcharam pela área do centro de Inner Harbor. Duas pessoas foram presas, disse a polícia.

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Em São Francisco, na Califórnia, estudantes do ensino médio marcharam pelo centro da cidade em meio a gritos de “Não é meu presidente” e segurando cartazes que pediam a saída do futuro do líder americano.

? Falo como uma homossexual branca que precisamos nos unir com os negros, precisamos nos defender ? bradou a estudante secundária Claire Bye, de 15 anos. ? Luto por meus direitos, pelos direitos dos negros e dos muçulmanos.

Em Nova York, em torno de cem manifestantes foram para a Union Square, em Manhattan, protestar contra Trump. Eles levaram cartazes com a mensagem de “Estados Divididos da América” e “pare de falar à nova geração”.

Na estação de metrô próxima à 14ª rua, os nova-iorquinos colaram mensagens adesivas ? “É momento de responder” e “Mantenham a fé! Nosso trabalho está apenas começando”, por exemplo ? nas paredes de um dos corredores.

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Da noite para o dia. Foi esse o tempo que demorou para que o presidente eleito mudasse sua posição sobre os protestos. Na noite de quinta-feira, ele disse que “manifestantes profissionais” estavam sendo incentivados pela mídia a sair às ruas ? o que chamou de uma injustiça. Mas, nesta manhã, ele publicou nas redes sociais uma mensagem bastante diferente, com elogios à paixão dos manifestantes pela nação.

“Amo o fato de que os pequenos grupos de manifestantes da noite passada tem paixão pela nossa grande nação. Nós vamos todos nos unir e ficar orgulhosos!”, escreveu o republicano.Trump 2

Na noite anterior, o tom do magnata que ocupará a chefia da Casa Branca a partir de 20 de janeiro havia sido bem mais forte, relembrando o discurso agressivo que adotou durante a sua campanha presidencial:

“Acabamos de ter uma eleição presidencial aberta e bem-sucedida. Agora manifestantes profissionais, incitados pela mídia, estão protestando. Muito injusto!”, escreveu Trump no Twitter na noite de quinta-feira, cujos apoiadores bradaram nas redes sociais que as marchas são compostas por quem não respeita o processo eleitoral. Tweet very unfair