Cotidiano

Prospecção de solo sem aviso prévio traz revolta e dúvidas

Boa Vista – Produtores, comerciantes e professores de Boa Vista da Aparecida, Três Barras do Paraná e Catanduvas fazem coro a um movimento que protesta contra estudos de prospecção de solo realizados por uma empresa do Rio de Janeiro. A queixa é que falta transparência em informações sobre quais são, de fato, os interesses do estudo em curso em regiões do Paraná. Também não agrada o fato de máquinas e funcionários entrarem em propriedades rurais sem aviso prévio e muito menos sem apresentar pedidos de permissão.

A prospecção é realizada pela Global Serviços Geofísicos Ltda. Ela venceu licitação da ANP (Agência Nacional de Petróleo) para fazer diagnósticos de potenciais riquezas no subsolo nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. A empresa se utiliza de uma frota de caminhões imensos, dotados de equipamentos para leituras que podem chegar a até dez quilômetros de profundidade e em raio de até 14. Uma das máquinas provoca pequenos sismos (tremores) que permitem a recolha de informações que identificam potenciais reservas de petróleo, gás e minérios.

A advogada Dalva Fernandes Ribeiro Fuzinatto tem sido procurada por empresários e comerciantes de Boa Vista que querem mais informações detalhadas sobre os procedimentos da Global. “Como eles não foram avisados e muito menos consultados sobre os estudos, tentamos buscar informações com técnicos da empresa, mas o diálogo não tem sido fácil”, conforme Dalva. “Muitos produtores estão ansiosos e nervosos com a atitude dos funcionários da empresa, que entram nas propriedades fazem orifícios no solo e provocam tremores sem se preocupar em pedir autorização”.

Dúvidas

Dalva informa que é possível sim que o estudo não ofereça qualquer risco, entretanto a falta de transparência e de comunicação gera dúvidas e provoca resistência nas comunidades. As dúvidas são inúmeras, de acordo com a advogada. Os moradores querem saber do que realmente se trata a pesquisa, por que ela é realizada e quais seus objetivos. O que ocorrerá depois do levantamento das informações e se há, na coleta dos dados, algum tipo de risco às pessoas e ao meio ambiente.

“São questões simples e que poderiam ser respondidas com clareza, rapidez e sinceridade, evitando, caso tudo esteja realmente em ordem, confusão”, afirma a advogada. Dalva afirma que alguns produtores, quando se dirigiram a funcionários da empresa, foram convidados a assinar a um tipo de termo, que eles também desconhecem para que serve. A preocupação ganha corpo nas câmaras de vereadores que buscam se proteger por meio de leis municipais.