Cotidiano

Projeto piloto da prefeitura quer envolver famílias na discussão sobre homofobia

RIO – Desde 17 de maio, Dia Mundial de Luta contra a Homofobia, a Coordenadoria
Especial da Diversidade Sexual do Rio (CEDS) vem preparando um projeto inovador:
o Entre Famílias, que pretende formar pequenos grupos de reflexão com parentes
de cidadãos do segmento LGBT ou seus responsáveis.

O objetivo é acolher e compartilhar experiências sobre
situações de discriminação e preconceitos cometidos fora e dentro do ambiente
familiar. A iniciativa é pioneira no Brasil e faz parte de uma parceria da
coordenadoria com a Secretaria municipal de Saúde (SMS). Os encontros começarão
no mês que vem, na Clínica da Família do Catete, e acontecerão semanalmente, aos
sábados. Direitos Humanos

? Um dos grandes problemas enfrentados pela população
LGBT, principalmente na adolescência, é a percepção dos pais. Muitos são
homofóbicos, já outros não, mas, mesmo assim, eles ficam preocupados com os
filhos, têm muito receio de que aconteça alguma coisa, que sofram preconceito ?
disse Carlos Tufvesson, coordenador especial da Diversidade Sexual do Rio.

Militante dos direitos LGBT há 21 anos,
Tufvesson ainda lembrou que não é raro que o preconceito seja gerado por
desconhecimento das pessoas. Como reflexo disso, muitos dos jovens sofrem
doenças psicossomáticas, e, na maioria das vezes, escondem da família.

? Quem sofre bullying por conta da orientação sexual geralmente chega em casa
e tem que esconder dos pais, tem que engolir o choro, quando, na verdade, esse
jovem deveria ser acolhido ? declarou ele.

Os encontros serão acompanhados por psicólogos da
Secretaria municipal de Saúde, que deverão mediar os diálogos entre os
participantes dos grupos.

? Os psicólogos não estarão lá
para trazer uma verdade absoluta. O papel deles é fazer as pessoas refletirem a
respeito da homofobia ? afirmou Daniela Murta, psicóloga e assessora de saúde da
coordenadoria.

O projeto é aberto para toda a população e terá duração
de cerca de um mês, ainda em fase de testes. A ideia é que, quando se tornar
oficial, os encontros passem a ser realizados em outras clínicas da família
espalhadas por diferentes áreas da cidade.