Cotidiano

Professores mantêm greve apesar de corte do ponto

201606021740200237.jpgRIO – Mesmo depois de o estado anunciar o corte do ponto dos professores em greve, a
categoria decidiu ontem manter a paralisação, iniciada no dia 2 de março. À
tarde, grevistas fizeram uma manifestação na Candelária, no Centro. O protesto,
que contou com a adesão de estudantes que participaram da ocupação de escolas
estaduais, seguiu pela pista lateral da Avenida Presidente Vargas, no sentido da
Zona Norte. O ato também teve o apoio de professores da rede municipal e de
escolas técnicas e federais, como a Faetec e o Colégio Pedro II.

Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de
Educação (Sepe), será feita nova assembleia na semana que vem, para decidir a
continuidade ou não da paralisação. A entidade estima que a greve mobilize cerca
de 20 mil professores da rede estadual, o equivalente a 65% da categoria. Links_crise_educação

Na terça-feira, a Justiça, sob o argumento de que o sindicato descumprira a
ordem de manter 70% dos profissionais em sala de aula, cassou uma liminar que
garantia aos grevistas o direito de não ter o ponto cortado. Na segunda-feira,
outra decisão judicial já havia considerado a greve abusiva.

O Sepe reivindica reposição de perdas salariais de 30%,
além da garantia de um calendário de pagamento. Os professores da ativa não
tiveram os salários de maio parcelados pelo governo. Já os vencimentos dos
docentes aposentados e dos demais servidores do Executivo foram divididos em
duas vezes. Na última terça-feira, eles receberam mil reais, mais a metade do
restante do salário.

FALTAM R$ 460 MILHÕES

O estado informou que ainda não tem previsão para quitar
a segunda parcela. Anteontem, o governo recebeu um ofício da Defensoria Pública,
solicitando a divulgação da data do depósito. A Secretaria estadual da Fazenda
respondeu ao órgão que não tem dinheiro em caixa e que não há previsão para o
pagamento. De acordo com a Secretaria de Planejamento, são necessários R$ 460
milhões.

Nos bastidores, a esperança é que o governo federal ajude a aliviar as contas
do estado. Segundo uma fonte do Executivo, a expectativa é que o presidente
interino Michel Temer anuncie um pacote excepcional de auxílio ao Rio, para
garantir que os Jogos Olímpicos transcorram sem problemas.

Uma das medidas esperadas é um aporte financeiro para a
conclusão da Linha 4 do metrô (Ipanema-Barra). O Rio pretendia tomar um
empréstimo de R$ 1 bilhão do Banco do Brasil, baseado numa resolução do Senado
que admite que estados compensem as perdas sofridas com a queda do preço do
barril do petróleo. Porém, essa possibilidade está mais distante, já que a
inclusão do Rio numa espécie de lista de maus pagadores da União o impede de
entrar em qualquer operação de crédito. Temer disse, no entanto, que vai ajudar
o estado.