Agronegócio

Produtores esperam chuva para iniciar plantio do trigo

Toledo – Sem chuva há pelo menos dez dias e sem previsão de ela chegar na próxima semana, os produtores que vão cultivar trigo na safra de inverno prepararam o solo e as sementes para iniciar o plantio. Contudo, o plantio só começa quando houver umidade suficiente no solo.

Neste ano, o plantio do cereal volta com força, já que as áreas cultivadas na região são 50% maiores do que as registradas ano passado.

O motivo pode estar apenas na falta de opção de muitos agricultores que não conseguiram cultivar o milho safrinha com o fim do zoneamento coincidindo com lavouras ainda repletas de soja no início do ano. Isso ocorreu porque o ciclo de oleaginosa foi retardado em pelo menos um mês, também em decorrência dos efeitos climáticos.

No Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel, dos quase 100 mil hectares cultivados em 28 municípios no ano passado, vão saltar agora para 145 mil, elevação de 45%. O que se espera é uma produção de pelo menos 456,7 mil toneladas.

No Núcleo de Toledo, onde os produtores conseguiram plantar mais milho, o trigo ficou em segundo planto, mas mesmo assim a área vai passar de 16 mil hectares, registrados na safra de 2017, para 18 mil agora. A produção estimada em 20 municípios é de 56,7 mil toneladas.

Segundo o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) José Pértille, ainda é cedo para delinear uma previsão de como será o ciclo para esse cereal, mas, mesmo que a produção seja a esperada ou acima dela e a qualidade do grão seja excepcional, o que provoca temor entre os produtores é o mercado brasileiro para o trigo nacional. Competindo diretamente com o trigo argentino, a indústria tem optado pela importação, que acaba barateando o produto e, segundo os moinhos, com qualidade superior, fazendo com que o produto brasileiro permaneça estocado.

Isso ocorre mesmo com o País estar muito longe de autossuficiência. Esse foi o cenário observado na região na safra de 2016, quando produção e qualidade foram consideradas excepcionais, mas no início do ano passado ainda havia trigo estocado nos silos e nos armazéns da região por falta de comprador.

Para o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, o que falta são políticas de incentivo, o que tira a competitividade e, consequentemente, a vontade do produtor em se debruçar sobre a cultura. “Nós precisamos de pelo menos 11 milhões ou 12 milhões de toneladas de trigo para o consumo interno e, quando produzimos bem, chegamos a 5 milhões de toneladas”, lamenta.

Ainda em fevereiro a Seab entregou um documento ao Ministério da Agricultura pedindo mais incentivo à triticultura, mas o documento continua sem resposta. Dentre os pedidos feitos está o aumento do preço mínimo para pelo menos R$ 40 a saca e mais subsídios à cultura, com ampliação da cobertura do seguro, por se tratar de lavouras de risco durante o inverno.

Apesar da redução das áreas cultivadas nas últimas décadas, o Paraná se mantém como um dos maiores produtores de trigo no Brasil, atrás apenas do Rio Grande do Sul.

Milho safrinha

Já o desenvolvimento de quase 730 mil hectares de milho safrinha é considerado excelente. Segundo o técnico do Deral José Pértille, o milho passa por uma fase importante de desenvolvimento e 30% das lavouras estão em floração, reagindo bem às condições climáticas. Já os outros 70% estão em desenvolvimento vegetativo. “Precisa de uma chuva nos próximos dez dias. Já é possível observar que algumas lavouras estão precisando de mais umidade, mas de modo geral o milho está muito bonito e se desenvolvendo muito bem”.

No oeste a estimativa inicial de produção é de pelo menos 733,5 mil toneladas. Na regional de Cascavel foram cultivados 300 mil hectares e na de Toledo, 427,5 mil. A produtividade média esperada é de 6 mil quilos por hectare.