Economia

Produção industrial cai 2,4% em março com avanço da pandemia

Rio de Janeiro – O recrudescimento da pandemia de covid-19 no País voltou a afetar o desempenho da indústria em março. A produção recuou 2,4%, após já ter registrado uma perda de 1,0% no mês anterior, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal divulgados nessa quarta-feira (5), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

“Tem uma relação direta com esse início de 2021 com menor ritmo da produção, tem uma associação bem clara com o recrudescimento da pandemia e todos os efeitos que isso traz para dentro do processo produtivo: maior restrição da mobilidade, maiores exigências sanitárias, falta de matérias-primas, desorganização da produção”, enumerou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

O pesquisador lembrou ainda que a indústria também é prejudicada por fatores conjunturais, como o desemprego elevado, a inflação pressionada e a ausência de pagamento do auxílio emergencial no primeiro trimestre deste ano.

Na passagem de fevereiro para março, 15 dos 26 setores investigados registraram queda na produção. O destaque foi o tombo de 8,4% registrado pelo setor de veículos automotores, terceiro resultado negativo consecutivo, período em que acumulou perda de 15,8%.

A escassez de peças e equipamentos paralisou fábricas no período, aponta o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa. Para o economista, o desempenho da produção industrial está de acordo com a avaliação que o Banco Central tem feito da atividade econômica, de que a retomada vem avançando, mas que a incerteza permanece elevada diante dos efeitos da pandemia.

“A pandemia acaba fazendo com que a recuperação não seja tão consistente. Os dados de janeiro e fevereiro foram bem positivos, mas o recrudescimento da pandemia a partir de março traz incerteza”, alertou Camargo Rosa.

A produção industrial teve um avanço de 10,5% em março de 2021 em relação a março de 2020, com expansão em 20 dos 26 ramos pesquisados. O resultado foi o mais elevado desde junho de 2010, quando cresceu 11,2%, além de ser a sétima taxa positiva consecutiva nesse tipo de comparação.