Cotidiano

Produção de mandioca: Estimativa para 2016 é a pior do Paraná

Redução na área pode provocar uma queda de 43% no total de toneladas colhidas

Toledo – A estimativa de safra da mandioca para 2016 é a pior em nove anos, desde que a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento deu início à divulgação dos dados. Em todo o Paraná, houve redução de 10% na área cultivada e outros 10% na produção.

Na região, a situação é ainda mais crítica, já que o total de toneladas colhidas deverá cair 43%, passando de 754.682 em 2014/15 para 432.963 toneladas, o pior índice estadual. Em área, a queda é de 35% na região, com 15.180 hectares plantados.

Conforme o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural do Paraná), Metódio Groxko, o péssimo desempenho se dá em decorrência dos altos custos de produção comparados aos valores recebidos pelo produtor.

“É o pior desempenho da atividade e a tendência é de que tanto a área plantada quanto a produção reduzam em todo o Estado”, afirma. Ele ressalta que o agricultor, ao enfrentar um período em que o retorno da atividade agrícola é incompatível com suas despesas, se vê na obrigação de procurar uma nova renda. Na maioria dos casos, segundo Groxko, o escape é a soja. “Basicamente, grande parte de quem produz mandioca e não teve bons resultados, migra para a soja”, diz.

Histórico

A série histórica do cultivo da mandioca na região Oeste, de 2007 a 2016, aponta o declínio da atividade desde a última safra, quando a área e a produção reduziram 15%. Na época, o custo de produção também era a principal dificuldade, com uma média de R$ 265 no primeiro ciclo, e R$ 250 para a mandioca de dois ciclos, segundo o Deral.

Os principais itens formadores do custo de produção são o valor da terra, colheita, adubos e corretivos, além das operações mecânicas/manuais – preparo do solo, plantio e tratos culturais. Para a safra 2015/16, entre os custos variáveis estima-se um total de R$ 198,85 para mandioca de um ciclo, e de R$ 203,05 para a de dois ciclos, o que torna inviável a cultura ao agricultor, que deve receber por tonelada até R$ 140.

Os índices negativos foram registrados também em 2008/09 (-10% em área e -8% em produção), na safra de 2011/12 (-9%; -8%) e em 2012/13 (-10; -8%). Já na safra 2013/14 houve ligeira recuperação, com área plantada 4% maior e produção de 887 mil toneladas, 10% a mais do que na anterior.

O que influenciou o aumento neste período foi a estiagem na região Nordeste do País, que dependia exclusivamente da produção de mandioca do Centro-sul para suprir a demanda. Com isso, a tonelada passou a ser vendida a R$ 600, o que animou os agricultores paranaenses. No ano seguinte, a produção normalizou em todo o Brasil, e trouxe prejuízos àqueles que investiram pesado.

“De R$ 600, a tonelada baixou para R$ 100 em 2014, uma queda muito grande”, lembra a engenheira agrônoma do Deral, Jean Marie.

Colheita no Paraná

A Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento estima a produção de 3.518.121 na safra de mandioca 2015/16. No ano passado, o total colhido foi de 3.917.451 numa área de 141.935. A região com melhor desempenho para este ano é a Noroeste, que deve colher 9% a mais do que na safra 2014/15, um total de 2,29 milhões de toneladas.

Entre os 20 municípios do núcleo da Seab em Toledo, a área cultivada é de 11.955 hectares, com produção estimada de 346 mil toneladas. Por sua vez, a regional de Cascavel (28 cidades) deverá colher 86 mil toneladas numa área de 3.225 hectares.

(Com informações de Marina Kessler)