Cotidiano

Procurador Júlio Marcelo diz que dolo de Dilma ?grita nos autos?

BRASÍLIA – Saindo da estratégia da oposição de não inquirir o procurador Júlio Marcelo , que fala como informante e não testemunha, senadores do PT fizeram perguntas sobre a honestidade da ré e sobre a defesa da política econômica adotada pela gestão da petista, para não cortar investimentos da área social. O líder da Minoria, Lindbergh Faria (PT-RJ) questionou o procurador sobre a falta de dolo da presidente Dilma nos decretos de créditos suplementares ou que tenha descumprido a Lei de Responsabilidade Fiscal, a lei orçamentária e ainda a Constituição.

? Vocês estão na contramão do mundo. Presidente do Canadá foi eleito dizendo: vou fazer déficit três anos para gerar emprego e depois faço o contingenciamento. Os senhores confundem tudo, o problema de 2015 foi uma queda na arrecadação. Em termos de política econômica é de uma ignorância atroz ? reagiu Lindbergh, questionando as acusações que se deram pelo descumprimento das metas e a Lei de Responsabilidade Fiscal no governo Dilma.

O procurador disse então que nem o Ministério público ou TCU defendem política econômica anticíclica ou contingenciamento, apenas cuida pelo cumprimento da lei e da constituição. Explicou que cabe ao Congresso definir a meta e ao Executivo cumprir essa meta.

? Vossa Excelência diz: eles queriam, eles queriam, o TCU não queria nada, o TCU quer que se cumpra a lei. Quer passar para o TCU a responsabilidade que não lhe cabe. Quem desmoraliza a meta, é a meta ser estabelecida e não ser cumprida. É o Congresso que tem que rever a meta, não é o poder Executivo. O decreto é da presidência da República, da sua equipe. Se ela não tiver responsabilidade sobre o decreto, não tem responsabilidade por mais nada. O dolo grita nos autos ? disse Júlio Marcelo.

O senador Paulo Paim (PT-RS) fez uma defesa da honestidade ?inatacável? da presidente afastada Dilma Rousseff, e quis saber do depoente se ele achava que ela era uma mulher desonesta.

? No Rio Grande do Sul tem muita gente honesta, mas com certeza a presidenta Dilma está entre as mais honestas. A todos os senadores que apoiam o impeachment eu pergunto: o senhor acha que ela cometeu crime, é desonesta? Ouço sempre como resposta que ela não é desonesta, mas a questão é política. Considerando que o Ministério Público Federal diz que não ha crime de responsabilidade eu pergunto: A presidenta é desonesta? ? perguntou

? Responda com a objetividade possível _ pediu o presidente Ricardo Lewandowski.

? A avaliação que faço, é que a presidente cometeu ilícitos graves no ponto de vista fiscal. Essa é a minha resposta ? respondeu Júlio Marcelo.

Paim então citou vários governadores que teriam cometido mesmo crime em 2014 , de pedaladas e decretos suplementares.

? Se fosse pelo conjunto da obra, teríamos que aplicar o impeachment a vários governadores. Porque o impeachment só na presidente Dilma? Mulher lutadora, primeira a assumir presidência, torturada. Vamos dizer que a moda pegue, vamos ter que aplicar impeachment na maioria dos governadores _ disse Paim.

Lewandowiski perguntou ao procurador Júlio Marcelo se ele via alguma semelhança da situação dos governadores com a situação de Dilma.

? Os governadores não tem mais bancos estaduais, e aqui a presidente Dilma é acusada de abuso do poder controlador da união sobre os bancos públicos federais. Não vejo nenhuma vinculação com descontrole fiscal dos estados ? disse Júlio Marcelo.