Um dia após O GLOBO revelar os erros na lista de sócios autorizados a votar
para presidente do Fluminense na eleição do próximo sábado, o clube fez as
correções na relação final. No entanto, após uma nova checagem, situações
equivocadas persistem. Na mais surreal, um sócio falecido em 1997 aparece como
apto a voto.
Ziul Andueza era sócio-proprietário do Fluminense. A família frequentava as
Laranjeiras, principalmente a piscina, onde os filhos faziam natação. A mudança
para Niterói afastou os Andueza para sempre da sede, como lembra Odete, viúva de
Ziul.
? Já até falei com uma moça que nós abandonamos o clube há muito tempo, que
era para retirar o nome. Meu marido, o Ziul, morreu em 1997, com 70 anos. Nunca
nos interessamos por isso (eleição), ainda não entendo o que o nome dele faz lá
? disse Odete, por telefone.
Na eleição de 2010, que deu a Peter Siemsen o seu
primeiro mandato, o problema de pessoas falecidas aptas a voto também foi
registrado, exigindo a presença de integrantes do Ministério Público (MP) nas
Laranjeiras.
Para o candidato Mário Bittencourt, ex-advogado e
ex-dirigente do clube, os atuais gestores do tricolor tiveram tempo para evitar
que erros como esse acontecessem às vésperas da eleição.
? Esta questão de sócios falecidos foi justamente o que motivou a intervenção
do Ministério Público na eleição do atual presidente em 2010. Não creio que
tenha má-fé, mas tiveram seis anos pra depurar uma lista e não o fizeram ?
declarou Bittencourt.
Ex-presidente da ex-patrocinadora Unimed, Celso Barros estranhou a
situação.
? Isso é muito esquisito, e eu espero que acertem até a eleição. Não entendo
todos esses problemas seguidos nestas listas e não resolvem de uma vez ? disse
Barros.
O candidato Pedro Abad não respondeu à reportagem.
Da lista preliminar para a eleição atualizada ontem, o
Fluminense cortou 1.295 sócios que estariam em situação irregular. Mas casos
conflitantes continuam, assim como as reclamações dos sócios. A maioria das
queixas é em relação ao status atual no clube. Um dos exemplos: sócio
contribuinte, que estaria apto na lista preliminar, foi vetado na posterior com
alegação de pagamento atrasado. Porém, ele garante que tem ido aos jogos
normalmente usando a alternativa do ?opt-in? (reserva de ingresso) do sócio
futebol, mesmo com o bloqueio solicitado pelo clube em setembro. Os
inadimplentes não poderiam exercer esta opção. 
O possível problema, identificado por uma fonte que cuidou da elaboração da
base de dados, foi a duplicidade de listas, fato inédito em eleições nas
Laranjeiras desde que o sócio futebol passou a ter poder de voto. A categoria
foi separada das classes proprietário e contribuinte e entregue à Chime Sports
& Marketing (CSM). A empresa cuidou apenas dos sócios futebol, ficando o
cadastro mais antigo, e considerado pela fonte como rudimentar, aos cuidados do
clube.
A CSM diz que segue os critérios do estatuto, com impedimento de voto do
sócio futebol a partir do terceiro mês. Mas existem sócios contribuintes, por
exemplo, com pacotes do sócio futebol, o que poderia gerar conflitos.
QUITAR PARA VOTAR
Todos os contribuintes e proprietários podem quitar dívidas na secretaria do
clube, e exercer seu direito ao voto. Os sócios da categoria futebol com menos
de dois meses de inadimplência também podem quitar e votar. Os que tiverem três
meses estão inaptos.
O Fluminense, através da assessoria de imprensa, informou que, nos casos de
pessoas falecidas e isentas de manutenção, ?só deixam de estar relacionadas se o
clube receber a informação de que faleceu?. O clube ressalta que fará controle
rigoroso com a presença de fiscais e membros do MP. Sobre os sócios inaptos, mas
com opção de ?opt-in?, o clube diz que ?precisam de três meses para ficar
bloqueados?.
