Agronegócio

Problemas documentais travam 5% dos pedidos de empréstimos

Cascavel – Após três anos com o produtor rural deixando de investir na propriedade, o ânimo voltou ao campo e a tendência é para que neste ano seja retomada a busca por crédito bancário. Mais otimista para financiar, com mais recursos disponíveis e taxas de juros convidativas, os bancos apostam em um ano “mais gordo” para os investimentos. Só que nem tudo são flores.

Se por um lado tem mais dinheiro disponível – e uma prova disso foram as negociações firmadas no Show Rural 2018 que bateram à casa de R$ 1,8 bilhão -, houve um endurecimento nas regras para liberação de recursos em financiamentos da agricultura e da pecuária. E isso tem feito com que parte dos pedidos estacione nas instituições financeiras. Entre os motivos está a falta de atualização territorial das áreas, por exemplo, além de pendências corriqueiras de documentação.

Somente na região oeste, com base em dados do Banco Central e das próprias unidades bancárias, calcula-se que ao menos 5% dos processos travam durante a certificação dos documentos ou de georreferenciamento das propriedades. “Pela primeira vez temos uma taxa de crédito controlada superior à Selic [6,75% ao ano], neste ano há mais oferta de recursos para crédito rural, ou seja, tem dinheiro para isso, mas o produtor rural é um empresário e como empresário ele precisa manter a documentação em dia, assim, quando ele chegar à instituição financeira pedir dinheiro, o processo é menos burocrático”, explica a gerente de Crédito Rural do Banco Cooperativo Sicredi, Marilúcia Dalfert.

Problemas

Dentre os problemas mais verificados na avaliação das instituições que transacionam as liberações de recursos está a falta de atualização cadastral, documental e de área da propriedade. “Às vezes o produtor muda de área, vai para outra cidade e ele não faz a atualização territorial. Penso que é um processo simples, de ir ao cartório e pedir para atualizar sua matrícula. Como o monitoramento já ocorre com coordenadas georreferenciais, o Banco Central monitora tudo isso de forma remota. O governo de fato quer saber se quem está emprestando dinheiro e recebe subsídios é quem precisa dele”, acrescenta a gerente, ao lembrar que todo crédito rural financiado em qualquer instituição financeira é informado imediatamente ao Banco Central.

Produtores aceleram colheita da soja e plantio do milho

Catanduvas – Com tempo firme e condições propícias para intensificar a colheita, os produtores invadiram o campo desde o fim de semana. Para onde quer que se olhe é um vai e vem de colheitadeiras, todos correndo contra o tempo e as condições climáticas.

Estima-se 65% da área destinada à soja no Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel, de um total de 568 mil hectares, estejam colhidos. Apesar da aceleração das máquinas no campo, a maioria entra nas lavouras com um mês de atraso na colheita e a remoção de toda soja no núcleo regional só deverá terminar no fim da primeira quinzena do mês que vem, isso porque em municípios como Ibema, Catanduvas e Três Barras a colheita nem mesmo começou.

Segundo o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) José Pértille, os produtores estão com um olho no campo e outro no céu. Isso porque há previsão de chuva para os próximos dias. “Não está previsto um volume muito grande, mas onde chover o produtor não pode colher, pois o grão fica úmido”.

De modo geral, lembra Pértille, o que tem se visto são índices de produtividade muito diferentes, variando de propriedade para propriedade. “Como o clima não colaborou e apareceram muitas doenças fúngicas como a ferrugem, quem fez de três até cinco aplicações, não poupou dinheiro, fez aplicação preventiva e curativa, está colhendo muito bem. Há registros de até 180 sacas por alqueire. Na outra ponta, quem descuidou, está colhendo em média 75 sacas por alqueire, quase metade”, revela.

Cooperativas, cerealistas e produtores estimam que as perdas no núcleo de Cascavel possam chegar aos 14%.

Milho

Enquanto uma máquina colhe a soja, outra planta o milho. Se 65% da área cultivada com soja já está colhida, em torno de 70% da área estimada para o milho safrinha no núcleo de Cascavel – que compreende 28 municípios – está semeada. Isso significa que, dos 300 mil hectares esperados para o ciclo de inverno ao cereal, 210 mil já foram cultivados.

“Queremos acreditar que até dia 10, máximo 20 de março [conforme o zoneamento indicar] tenhamos toda a área cultivada. Se por um lado a chuva preocupa quem colhe a soja, ela é benéfica para quem já plantou o milho, para a germinação, e para quem vai plantar agora. Só não tem mais milho plantado porque não tem área disponível devido ao grande volume de soja que ainda está no campo”, explica o técnico do Deral José Pértille.

Vale lembrar que para municípios da região, como Cascavel, o zoneamento teria expirado no dia 10 de fevereiro, mas, com a portaria do Ministério da Agricultura ampliando a janela para mais 20 dias, o prazo segue até a próxima sexta-feira (2). A Secretaria de Agricultura do Paraná não descarta ainda novo pedido de prorrogação de prazo, se for necessário.

A todo vapor

No Núcleo Regional de Toledo, segundo a agrônoma Jean Marie Ferrarine, até ontem à tarde 83% da área de soja já estava colhida. Em todo o núcleo, em 20 municípios, foram cultivados cerca 480 mil hectares. A expectativa é de que a colheita se encerre até 10 de março. A quebra na produtividade na regional está na casa dos 8%. No início do ciclo o esperado era 3,7 mil quilos por hectare e o que tem se confirmado é 3,4 mil quilos por hectare, em média.

Por lá, 68% da área com milho safrinha já foi cultivada. Em todo o núcleo serão destinados ao cereal quase 424,5 mil hectares no ciclo que se inicia. “Se as condições do tempo contribuírem, tanto para a colheita da soja, quanto para o plantio do milho, acredito que a colheita termine nos primeiros dias de março e o plantio do milho esteja concluído até o fim desta semana”.