Cotidiano

Principal aliado de Cunha não pretende visitá-lo nos próximos dias

BRASÍLIA – Principal aliado de Eduardo Cunha nos últimos meses na Câmara, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) concedeu uma entrevista coletiva e até divulgou uma nota, com sete itens e 22 linhas, para comentar a prisão do amigo. Procedimento incomum de Marun. Apesar da fidelidade e da ardorosa defesa que fez de Cunha até na sessão que cassou o mandato do peemedebista, o deputado afirmou que não pretende visitá-lo nos próximos dias. Mas que irá fazê-lo logo que possível.

“Não tenho plano de visitá-lo nos próximos dias, até porque tenho compromissos agendados em meu estado, mas é provável que eu o faça em dias vindouros se isto for permitido”, disse Marun, na nota.

Na entrevista, ele disse que não há um “temor maior” na Casa com o episódio. Marun afirmouque o PMDB está “triste”, mas não preocupado e que não pode avaliar se prisão foi justa ou não, o que cabe à Justiça.

? Não estou vendo atitude de pânico em relação a isso (à prisão). Nunca vi esse sentimento de vingança. Não falo juízo sobre o fato porque não conheço o processo. Eu via no Cunha uma pessoa determinada e não era e não é uma pessoa disposta a recuos. Não tenho uma amizade com o deputado Eduardo Cunha que me disponha discorrer de questões mais íntimas. O PMDB está triste, claro. Mas não estou vendo uma preocupação maior, nem no partido, nem no governo. O clima de temor na Casa tem sido muito falado, mas ele foi cassado.

Marun disse que Cunha já não tem na Câmara mesmo poder de outros tempos e afirmou que ele não derrubou sozinho o governo Dilma Rousseff. Que não é nenhum “He-man”, herói de desenho animado.

? O deputado Eduardo Cunha liderou aqui na Casa, e isso é uma verdade, o processo de deposição constitucional do governo anterior. E também não derrubou sozinho. Ele liderou esse processo, não é também He-man (personagem de história em quadrinhos), obviamente não teria hoje o mesmo poder que teve durante o processo de impeachment.

Perguntado se continuaria a defender Cunha, ele disse:

? Não, porque não sou advogado de defesa, e não sou advogado.

O deputado disse não negar que a prisão de Cunha o entristece e surpreende, porque corria ainda do prazo para apresentação de sua defesa. Marun disse que a última vez que teve pessoalmente com Cunha foi em 13 de setembro, um dia após sua cassação e, por isso, não sabe se ele pretende ou não fazer a delação.

“Não estive nem falei com ele nos últimos dias, não tendo, portanto, condições de me manifestar a respeito de seu estado de espírito e de suas intenções”.