Saúde

Pressionado, Pazuello muda tom e prevê vacinação a partir de dezembro

No plano preliminar apresentado semana passada, a campanha começaria em março com grupos específicos

Crédito:Agência Brasil
Crédito:Agência Brasil

Brasília – Um dia depois de declarar que a autorização de qualquer vacina contra covid-19 demoraria ao menos 60 dias no Brasil, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mudou o tom e informou que a vacinação pode começar em dezembro ou janeiro.

Em entrevista à CNN Brasil nessa quarta-feira (9), Pazuello afirmou que será primeiro necessário fechar o contrato do governo com a Pfizer, ainda em negociação, depois a farmacêutica precisa obter registro para uso emergencial e ainda conseguir adiantar a entrega de sua vacina candidata contra o novo coronavírus. Segundo ele, 500 mil doses da vacina da Pfizer serão entregues em janeiro.

“Se a Pfizer conseguir a autorização emergencial e a Pfizer nos adiantar alguma entrega, isso [o início da vacinação] pode acontecer no final de dezembro ou em janeiro. Isso em quantidades pequenas, de uso emergencial”, afirmou Pazuello na entrevista. “Isso pode acontecer com a Pfizer, com o Butantan [referindo-se à vacina CoronaVac], com AstraZeneca [referindo-se à vacina de Oxford], mas é foro íntimo da desenvolvedora, não é uma campanha de vacinação”.

Em pronunciamento na terça, o ministro havia dito que a previsão era para que as primeiras doses da vacina da Pfizer chegassem ao Brasil em janeiro. No plano preliminar apresentado semana passada, a campanha começaria em março com grupos específicos.

Na entrevista, o ministro ressaltou que o uso dessas doses da Pfizer em breve seria possível com autorização emergencial pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O registro em si é um procedimento mais demorado, que pode levar 60 dias.

Pazuello destacou que o contrato do governo federal com a Pfizer, para comprar 70 milhões de doses, está sendo negociado ao destacar que falava em “hipótese” ao tratar do início da vacinação em breve. “O ‘se’ é porque o contrato está sendo fechado”, enfatizou.

O ministro afirmou que, além da possibilidade de autorização de uso emergencial, a Anvisa analisará os pedidos de registro que chegarem, de forma que o País já deverá ter doses entregues quando o aval definitivo for dado.

Meta é vacinar 90% do grupo prioritário

A meta do Ministério da Saúde é vacinar 90% de quem integra o grupo prioritário elegível para a vacinação contra a covid-19, em todas as cidades brasileiras. Os primeiros a serem imunizados, com prioridade, na fase 1, são: trabalhadores de saúde, pessoas com mais de 80 anos, pessoas de 75 a 79 anos, pessoas de 60 anos ou mais que estejam em abrigos, ou asilos e indígenas. As informações foram divulgadas pela CNN Brasil.

Integram a segunda fase do grupo prioritário as pessoas de 60 a 74 anos de idade. Na fase três, estão aqueles com comorbidades: diabetes mellitus; hipertensão de difícil controle ou com complicações/lesão de órgão alvo; doença pulmonar obstrutiva crônica; doença renal; doenças cardiovasculares e cerebrovasculares; indivíduos transplantados de órgão sólido; anemia falciforme; câncer e obesidade grave.

Os grupos que integram as três primeiras fases somam mais de 106 milhões de pessoas. Na fase 4 estão professores, nível básico ao superior, integrantes de forças de segurança e salvamento e funcionários do sistema prisional.

Depois de vacinar os grupos de maior de maior risco para agravamento da covid-19, a ampliação da vacinação será voltada aos trabalhadores de serviços essenciais (por exemplo, creches, trabalhadores agrícolas), além atingir outros públicos como crianças em idade escolar e trabalhadores em setores não essenciais, mas economicamente críticos, em especial em profissões que não permitam trabalho remoto.

Canadá aprova uso emergencial da vacina da Pfizer

A Agência de Saúde do Canadá (Health Canada) decidiu pela aprovação emergencial da vacina da Pfizer/BioNTech contra covid-19. Em comunicado, a agência concluiu que os dados disponibilizados apoiam favoravelmente a eficácia e a segurança da vacina. A decisão abre caminho para a vacinação no país.

A avaliação entre benefício e risco da vacina foi considerada favorável. “A aprovação da vacina é apoiada por evidências de que é segura, eficaz e de boa qualidade”, afirmou a agência canadense em comunicado.

A vacina foi inicialmente autorizada para uso em pessoas com 16 anos de idade ou mais. Ainda não há informações sobre possível início de vacinação no país.

Anvisa condiciona uso de testes encalhados a análises de qualidade

Brasília – A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) condicionou o uso por mais quatro meses dos cerca de cerca de 7 milhões de testes RT-PCR encalhados no Ministério da Saúde a uma análise mensal da qualidade do produto. Boa parte desse estoque vence em dezembro e janeiro. A agência afirma que se trata de um aval “excepcional” para consumo do produto além dos oito meses de validade original.

O órgão considerou o aumento da necessidade de testes pelo recrudescimento da covid-19 no Brasil, a possível escassez do produto no mercado, além do aval do fabricante para extensão da validade. O número de unidades encalhadas é superior aos cerca de 6,6 milhões de testes deste tipo feitos no SUS (Sistema Único de Saúde). Considerado o produto de diagnóstico mais preciso, por encontrar o vírus ativo no organismo, o teste RT-PCR analisa amostras coletadas da nasofaringe por um cotonete.

O governo de Jair Bolsonaro tinha como meta realizar mais de 24 milhões de exames RT-PCR até dezembro, mas não alcançou 30% desse número.

A Anvisa anunciou o aval para uso do teste durante audiência na Câmara dos Deputados nessa quarta-feira (9). A decisão “leva em consideração a situação epidemiológica e a importância da testagem”, disse Cristiane Gomes, diretora da agência.

No estoque do ministério, cerca de 2,7 milhões de exames vencem em dezembro, e 3,9 milhões, em janeiro. Esses produtos terão validade estendida até abril e maio de 2021, respectivamente. Os estados também têm centenas de milhares de exames em estoque.

Gestores do SUS, porém, temem que o exame siga ocioso mesmo com a ampliação da validade – e volte a vencer em 4 meses. Isso porque faltam outros insumos para a análise, como reagentes de extração de RNA. O ministério tem reagentes desse tipo suficientes para análise de 400 mil amostras e afirma que comprará produto para mais 8 milhões de extrações no fim desta semana.