Cotidiano

Presidente da Mitsubishi se demite em meio a escândalo

TÓQUIO – Assim como aconteceu na Volkswagen no ano passado, o presidente da Mistubishi Motors, Tetsuro Aikawa, pediu demissão nesta quarta-feira, enquanto a montadora busca uma forma de se reorganizar diante do crescente escândalo a respeito de uma fraude em dados de consumo de combustível e quilometragem de modelos da empresa.

Aikawa e o vice-presidente Ryugo Nakao deixarão os cargos efetivamente em 24 de junho, segundo comunicado da empresa japonesa. A Mitsubishi afirma que sua gerência criou um ambiente para a fraude, somando-se às revelações de que a companhia testou nove veículos inadequadamente e exagerou nos ratings de quatro minicarros em até 15%.

Diante da situação, a Mitsubishi está procurando refúgio sob a proteção da compatriota Nissan, que planeja comprar uma fatia de US$ 2,2 bilhões e tornar-se a maior acionista da montadora. Aikawa afirmou que ele pedirá à Nissan para determinar um alto executivo para assumir o departamento de desenvolvimento da Mitsubishi, após a gestão exercer pressão pelo cumprimento de metas de economia de combustível.

Os métodos ilegais usados para calcular a economia de combustível de carros levaram a resultados que desviaram em cerca de 2,3%.

DIFICULDADE PARA SUPERAR

Osamu Masuko, presidente do Conselho da montadora, afirmou à imprensa que ele vai desistir da remuneração obtida até que a companhia forme uma nova equipe de administração. Aikawa e Masuko têm enfrentado dificuldade na tarefa de contornar a reputação arranhada da empresa no Japão.

O diretor executivo da Nissan, Carlos Ghosn, está apostando que a Mitsubishi consegue conter o dano do escândalo no Japão e impulsionar a posição da maior montadora nos mercados emergentes do sudeste asiático, incluindo Tailândia, Indonésia e Filipinas. A companhia japonesa afirmou que os veículos vendidos nos Estados Unidos são corretos e compatíveis.

Oferecer uma corda salva-vidas à Mitsubishi Motors também preserva o fornecimento de modelos de minicarros da Nissan, produzidos por uma joint-venture que as duas companhias formaram em 2010. Após suspensder as vendas dos carros quando a Mistubishi admitiu a fraude pela primeira vez em abril, a Nissan registrou queda de 51% nas vendas no setor de minicarros no Japão e de 22% nas vendas gerais naquele mês.

A Mitsubishi forneceu por ora a informação necessária sobre seus testes de quilometragem, informou Masato Sahashi, autoridade do Ministério dos Transportes do Japão, nesta quarta-feira.

Um painel de três ex-procuradores está investigando os testes inadequados que a empresa afirma ter começado em 1991, assim como a manipulação de dados. Os investigadores devem apresentar suas conclusões no fim de julho.