Cotidiano

Presidente da CNI defende ?medidas duras? e cita reformas trabalhistas da França

BRASÍLIA ? O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, disse nesta sexta-feira que a iniciativa privada está ansiosa por ?medidas muito duras?, como as reformas na Previdência e nas leis trabalhistas, para melhorar o quadro fiscal e fazer o país voltar a crescer. Andrade participou de reunião com o presidente interino Michel Temer e com cerca de 150 executivos.

? Nós estamos ansiosos, na iniciativa privada, para ter medidas muito duras. Medidas modernas, medidas difíceis de serem apresentadas. Por exemplo, a questão da previdência social. Tem que haver mudança na previdência social, senão não vamos ter no Brasil um futuro promissor ? disse o presidente da CNI

Robson Andrade citou como exemplo a França, onde as leis trabalhistas estão sendo discutidas. Segundo ele, a jornada de trabalho no país europeu poderá ser de até 80 horas semanais. Na verdade, a jornada de trabalho pode ser estendida para até 60 horas em circunstâncias excepcionais.

? Sem enviar para o Congresso Nacional, o governo francês tomando decisões com relações às questões trabalhistas. Nós aqui no Brasil temos 44 horas de trabalho semanal, as centrais sindicais tentam passar esse número para 40. A França, que tem 36, passou agora para a possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal e até 12 horas diárias de trabalho. A razão disso é muito simples: é que a França perdeu a competitividade de sua indústria com relação a outros países da Europa ? afirmou.

O presidente da CNI avalia que o anúncio da meta fiscal para 2017 com previsão de déficit primário de R$ 139 bilhões foi uma ?demonstração de responsabilidade do governo?. Ele reafirmou que a indústria é contra o aumento de impostos e disse que isso não foi discutido com Temer.

? Achamos que o Brasil tem muito espaço para reduzir custo, melhorar a eficiência e a máquina pública. Um aumento de carga tributária nesse momento resultaria na redução das receitas, uma vez que as empresas estão numa situação muito difícil.

No discurso que fez aos empresários, Temer mencionou uma proposta inusitada que o presidente da CNI, Robson Andrade, lhe fez: colocar pessoas em depressão para trabalhar meio período para não ficar “mais deprimido” em casa.

? Ainda agora o Robson me procurou: olha, nesse projeto aí, deveria pensar-se no seguinte. Uma fórmula pela qual a perícia médica pudesse dizer que já que ele estava com problema, ele trabalha apenas meio dia. Deu um exemplo claríssimo: se ele (paciente) está com depressão e ficar em casa, é capaz de ficar mais deprimido ? disse o presidente interino, e completou:

? Então, quem sabe, em certos momentos, você pode usar essa fórmula.

Um dia depois da renúncia do correligionário Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara, o presidente interino não falou à imprensa, e a reunião, que durou mais de três horas, foi fechada.

*Estagiário sob supervisão de Eliane Oliveira