Cotidiano

Presidente da Câmara do DF diz que grampos foram editados ?por inveja?

BRASÍLIA – A presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Celina Leão (PPS), afirmou que os grampos da deputada Liliane Roriz (PTB), que indicam um suposto esquema de propina com a participação dela e de outros parlamentares, foram ?editados? e colocados fora do ?contexto?, talvez por ?inveja?. Ela disse que a petebista, com quem sempre teve relação conturbada, pode estar agindo a serviço do governador do DF, Rodrigo Rollemberg, para barrar a CPI da Saúde em curso na Casa.

Liliane entregou áudios ao Ministério Público do DF que indicam, segundo ela, a negociação em torno de uma emenda de R$ 30 milhões que o GDF fez para o orçamento da Saúde, dentro de um esquema montado por deputados da Mesa Diretora da Casa para receber propina de 7%. Celina afirmou, entretanto, que a autora da emenda é a própria Liliane, a quem chamou de ?mentirosa contumaz?.

? Quem propôs a emenda foi a deputada Liliane. Se existe alguma ilegalidade sobre a emenda, ela tem que responder ? disse Celina.

A assessoria de Liliane informou que a competência regimental de dar forma técnica à emenda é atribuição da vice-presidência, cargo que ela ocupava, mas que o comando da alteração de orçamento parte da 2ª Secretaria da Mesa, conforme formulários previamente elaborados e aprovados pela própria Mesa. O titular da 2ª Secretaria é o deputado Júlio César (PRB), citado nas gravações entregues ao MP.

Para Celina, Liliane agiu também para ameaçar os membros da Mesa Diretora, que segundo a denúncia seriam os beneficiários do esquema, para desqualificar investigações que ocorrem dentro da Casa contra ela. Há um pedido de cassação de Liliane que pode ser colocado em pauta, em virtude de uma ação de improbidade que a distrital responde na Justiça. Ela e outros familiares foram condenados por ter recebido irregularmente apartamentos depois que o pai, Joaquim Roriz, à época governador, teria facilitado um empréstimo para uma construtora.

Celina disse que tudo se trata de uma ?trama montada com dose de crueldade?, negou ter funcionários fantasmas, explicando que se referia, nos áudios gravados, a pessoas que trabalham na rua e reclamam de ter que ir ao gabinete assinar o ponto. Sobre empregar ?analfabetos?, Celina admitiu que há gente ?simples? em sua equipe, que a ajudou na campanha, mas que são pessoas letradas, até porque é uma exigência da Casa.

A presidente confirmou ainda ter dito que Rollemberg usava ?produtos ilícitos?, mas destacou que a afirmação foi feita numa esfera privada, durante almoço na casa de Liliane, em que ela tentava se reconciliar com a deputada.

? Foi colocado de forma muito coloquial, na casa da parlamentar. Inclusive onde ela concordou com minha fala.