Policial

Prefeitura de SP afasta guardas envolvidos em morte de criança

SÃO PAULO — Os três guardas civis metropolitanos envolvidos na morte de uma criança de 11 anos na noite do último sábado, na zona leste de São Paulo, foram afastados dos serviços pela Prefeitura da cidade. Em nota, o prefeito Fernando Haddad (PT) disse que “os agentes desrespeitaram o protocolo da GCM e da gestão municipal”.

A prefeitura informou ainda, por e-mail, que além de colaborar com as investigações da Polícia Civil, instaurou processo administrativo interno para apurar a atuação dos guardas no episódio. “Não se justificava a perseguição e muito menos os disparos”, pontuou Haddad no documento.

A Polícia Civil indiciou um dos agentes por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Ele pagou fiança e responderá o processo em liberdade.

MENINO É ENTERRADO SOB CLIMA DE REVOLTA

O corpo de Waldik Gabriel Silva Chagas foi enterrado na tarde desta segunda-feira, sob comoção e revolta entre parentes e familiares. Durante o velório a mãe do garoto, Orlanda Correia Silva, de 47 anos, repetia a todo momento que o seu filho era só uma criança:

— Ele não faz maldade com ninguém. Mesmo se tivesse feito, tinham que ter abordado, levado para a delegacia. Fizesse alguma coisa, mas não matar. Ele era só uma criança, tinha chance de reverter ainda.

O pai do menino, Waldik Marcelino Chagas, de 37 anos, pediu que a justiça seja feita. Ele classificou como inadmissível o fato de o guarda metropolitano ter sido solto após pagamento de fiança. O menino era o único filho dele.

— Matou minha criança, perdi meu bem maior. A GCM tem que proteger patrimônio, não matar nossas crianças. Podia ter dado um tiro no pneu. Matou meu filho, pagou fiança e foi pra casa. Que país é esse? — desabafou Chagas, que é motorista de caminhão em um depósito de construção: — Ele gostava de trabalhar comigo — lembrou.

A irmã de Chagas, Marília Gabriela, de 16 anos, era uma das mais inconsoláveis durante o velório do menino. Era ela quem tomava conta dele no sábado.

— Eu fiz de tudo para ele não sair naquele dia, mas foi só virar as costas que ele foi escondido — contou Gabriela, que chorava muito e ficou o tempo todo ao lado do caixão.

Valdir Chagas, tio do menino, também colocou em xeque a conduta dos guardas. Para ele, não há dúvidas de que eles atiraram para matar os ocupantes do veículo:

— Não houve troca de tiros. Ele atirou para matar, não para parar o carro. Tiraram a vida de um menino de 11 anos.