Política

Prefeitos investem em hospitais para suprir ausência do Estado

Capitão Leônidas Marques – Na campanha eleitoral de 2010, o então candidato ao governo Beto Richa prometia a abertura de 2 mil leitos hospitalares no Paraná. Passados quase oito anos dos seus dois governos, já que foi reeleito em 2014, Beto deixa o comando do Estado (no próximo dia 6) com um impressionante saldo negativo de mil leitos. Ou seja, além de não criar o prometido, ainda fechou boa parte do que existia. Resultado: caos nos municípios, que transformaram as unidades de pronto-atendimento em leitos de internamento.

Diante da ineficiência do Estado em atender a essa demanda, municípios de pequeno porte se obrigam a comprometer gastos de outros setores e fazer investimentos ambiciosos, como a construção de hospitais com atendimento de baixa e média complexidades.

Em Capitão Leônidas Marques – cidade com mais de 15 mil habitantes -, por exemplo, a administração pública elabora projetos para uma unidade hospitalar com 36 leitos. O terreno será doado pelo Município para que a obra seja possível, e espera repasses do Estado e da União. O custo estimado é de R$ 6 milhões. “Não temos outra saída para atender a demanda de internamentos. Precisamos de melhores condições físicas para atender”, argumenta o prefeito Cláudio Quadri (PMDB).

As instituições de saúde referência em atendimento de média e alta complexidades ficam distantes – Cascavel, Toledo e Foz do Iguaçu – e nem sempre contam com vagas disponíveis para receber esses pacientes. Por isso, as prefeituras escolhem aumentar os gastos com saúde pública, assumir o papel do Estado, do que continuar a ver o sofrimento dos seus munícipes à espera de atendimento em grandes centros.

Palotina mantém o Hospital Municipal Prefeito Quinto Abrão Delazeri, com 32 leitos. O comprometimento da renda municipal saltou dos 15% para 27% em saúde. Criado para atender apenas média e baixa complexidades, a estrutura também precisa ser usada para casos mais graves. “Temos estrutura necessária até alta complexidade em função da sobrecarga de outros hospitais da região. Nem sempre o Hospital Bom Jesus [Toledo] tem vaga, por isso optamos por esse investimento”, explica o prefeito de Palotina, Jucenir Stentzler (PSC).

Se não bastasse o custo de manutenção com servidores e equipamentos, os municípios que dispõem desse atendimento também precisam se preocupar com as estruturas deficitárias herdadas de gestões anteriores. É o caso de Itaipulândia, que já conta com hospital municipal, mas o prédio precisa ser totalmente readequado. “Precisamos investir ou fechamos”, sacramenta o prefeito Edinei Valdir Moresco Gasparini (PDT).

A reforma da estrutura hoje está estimada em R$ 5 milhões: recurso que será viabilizado para manter o serviço: “Precisamos do hospital para dar um conforto a mais aos moradores. Precisamos adequar o centro cirúrgico, pronto atendimento e raio-X”, complementa Gasparini.