Saúde

Prefeitos da Amop seguirão decreto

Divididos, prefeitos decidem seguir restrições durante oito dias

Prefeitos da Amop seguirão decreto

Cascavel – Reunidos em assembleia na tarde dessa sexta-feira (26), prefeitos da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) decidiram seguir o Decreto Estadual 6.983/2021, que determina a suspensão do funcionamento de serviços e atividades não essenciais em todo o Estado, bem como a ampliação na restrição de circulação das pessoas.

O tema foi deliberado em duas votações. A primeira diz respeito à decisão dos municípios da Amop em seguir as deliberações do colegiado de prefeitos, vencida por 25 votos a 2. A segunda votação: vencida por 14 votos a 13, orienta os municípios a seguirem na íntegra o decreto estadual, ressalvando decisões individualizadas, diante da autonomia jurídica dos municípios como entes da Federação.

A reunião foi comandada pelo prefeito de Cascavel e presidente da Amop, Leonaldo Paranhos, e contou com a participação de 36 chefes do Executivo da região.

Divididos em determinados aspectos, os prefeitos expuseram seus pontos de vista, mas entenderam que a melhor decisão é adotar uma solução conjunta, fortalecendo a unidade regional, ainda que as situações sejam potencialmente individualizadas.

Dentre os favoráveis, estão os representantes de Santa Tereza, São Pedro do Iguaçu, Maripá e Marechal Cândido Rondon. O prefeito de Nova Aurora, José Aparecido de Paula e Souza, o Pecinha, ressalta que é preciso união: “O momento pede equilíbrio e união”.

Um dos votos contrários foi do prefeito de Toledo, Beto Lunitti: “Eu me posiciono contrário ao decreto do governador, porém, em nome da unidade da Amop, eu, Beto Lunitti, prefeito de Toledo tive voto vencido, tenho que acatar o que foi decidido. Pessoas que se cuidam, empresários são penalizados por causa de gente negacionista desta pandemia da covid-19”, declarou.

Para Paranhos, a decisão foi acertada e necessária. “Todos os prefeitos estão sofrendo. O comércio, a economia da cidade é de onde sai a folha de pagamento do nosso servidor. É uma situação muito difícil ter que optar entre a vida e o emprego, por isso temos que ter equilíbrio. Queremos ajudar, mas não tenho argumento para não seguir as determinações do Estado neste momento”.

Sem profissionais da saúde

Assunto que acabara de ser abordado pelo prefeito Leonaldo Paranhos, o que mais pesou na decisão da Amop foi o depoimento do secretário de Saúde de Cascavel, Thiago Stefanello.

“Peço que analisem e pensem muito bem… Se por ventura resolverem não seguir o decreto do Estado serão responsáveis por tudo o que vai acontecer”, disse, bastante abalado. “Ano passado tínhamos dados, números que contrapunham aquilo que era solicitado pelo Estado, mas desta vez não temos, não temos embasamento por menor que seja para não fazer esse sacrifício. Sei que a realidade do município pequeno é diferente, sou de um município pequeno, sei que o comércio não quer parar, mas aí vai estourar aqui, em Cascavel, vai estourar em Toledo, vai estourar em Foz do Iguaçu, que é onde estão os hospitais”.

Thiago destacou o risco de demissões em massa no sistema de saúde pública nos próximos dias. “Infelizmente, a situação é caótica, muito triste e, sinceramente, se Cascavel não aderir a esse lockdown, vamos perder muitos profissionais, inclusive nossa equipe de administração… Toda ela deverá sair, porque realmente nós não temos mais condições… Faz quatro dias que a gente não dorme. Não tem mais mão de obra. Não vou ter mais servidores para trabalhar na semana que vem porque eles não querem mais trabalhar, não aguentam, estão esgotados”, desabafou.

O secretário também alertou para a falta de materiais e equipamentos. “Se continuar nesse ritmo, vamos ficar sem insumos, não tem oxigênio para fornecer para o País todo, não tem avental, não tem luvas, não vai ter máscaras, ninguém consegue produzir o que está sendo solicitado. Para comprar bomba de infusão para abrir seis leitos no Hospital de Retaguarda, por exemplo, ligamos em todos os estados e vamos conseguir para daqui 15 dias”.

 

Diversos estados adotam medidas

Com o momento mais duro da pandemia do novo coronavírus em um ano, governos estaduais têm decretado medidas para aumentar o isolamento social restringir a aglomeração de pessoas. No Sul, além do Paraná, o governo de Santa Catarina anunciou o fechamento de serviços não essenciais das 23h dessa sexta-feira até as 6h de segunda-feira (1º). A medida também vale para o próximo fim de semana, começando às 23h da sexta-feira (5) e terminando às 6h de segunda-feira (8).

No Rio Grande do Sul, o governo suspendeu temporariamente o sistema de cogestão regional e pôs todo o Estado em bandeira preta, nível mais grave do sistema gaúcho de enfrentamento à pandemia. A medida suspende as atividades não essenciais das 20h às 5h, em todo o Estado, até o dia 2 de março.

No Norte, Acre está em quarentena desde o início do mês, e em Roraima, o transporte coletivo interestadual está suspenso até 15 de março. No Nordeste, Ceará, Pernambuco, Piauí, Paraíba e Bahia adotaram toque de recolher.

No Sudeste, São Paulo adotou toque de recolher em todo o Estado das 23h às 5h até 14 de março. No Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul também determinou toque de recolher em todo o Estado.

No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha, determinou o fechamento de atividades não essenciais, das 20h às 5h, a partir de segunda-feira (1º).