RIO – Um dos símbolos da Renascença em Florença, o Palazzo Strozi está tomado pela arte contestadora de Ai Weiwei. A construção no centro antigo da cidade italiana recebe, até 22 de janeiro, a exposição “Libero”, com 60 obras do artista plástico chinês, conhecido por sua luta pelos direitos humanos e liberdade de expressão.
O foco desta mostra são os refugiados, questão que fica explícita já na primeira instalação que se vê, ainda da rua. Vinte e dois botes de borracha, como os usados pelos migrantes que cruzam o Mar Mediterrâneo, foram pendurados na fachada, cobrindo parte das janelas do prédio, uma joia arquitetônica construída entre 1489 e 1538.
A exposição é formada por algumas das peças mais emblemáticas da carreira do artista, como a instalação formada por 950 bicicletas. Outro destaque é a série de fotografias onde Ai Weiwei mostra o “dedo do meio” para pontos turísticos famosos, como a Torre Eiffel, a Casa Branca e a Praça Tiananmen, em Pequim. Mas há peças inéditas, criadas especialmente para a retrospectiva italiana, como uma série de retratos com Lego em homenagem a figuras históricas toscanas “rebeldes”, como Dante Alighieri e Galileu Galilei.
“Estas grandes figuras da história em sua época desafiaram o mundo a avançar, e por isso não podemos esquecê-las”, disse à agência Reuters o artista, que passou 81 dias preso por criticar o governo chinês.
A recente crise migratória tem sido um tema recorrente para Ai Weiwei. Em fevereiro, em Berlim, cobriu as colunas da sala de concertos Konzerthaus com 14 mil coletes salva-vidas laranjas recuperados na ilha grega de Lesbos, então um dos principais pontos de entrada de imigrantes na Europa. Coletes salva-vidas também (1.005 deles) são a matéria-prima da instalação “F Lotus”, que ainda pode ser vista até 20 de novembro, no espelho d’água do Palácio Belvedere Superior, em Viena.
Ai Weiwei no Palazzo Strozzi, em Florença
Pacotes especiais em hotéis
A mostra “Libero” tem repercutido até mesmo no setor hoteleiro da movimentada Florença. Quatro hotéis do grupo WTB na cidade (L’Orologio Firenze, Santa Maria Novella, Balestri e Garibaldi Blu) oferecem um pacote especial que inclui, além de café da manhã e wi-fi grátis, ingressos para a exposição.
Para quem se hospedar em outros lugares, os ingressos custam 12 euros (maiores de 65 anos e menores de 26 pagam 9,50 euros. Crianças e adolescentes de cinco a 18 anos pagam 4 euros, e menores de cinco anos entram de graça). O Palazzo Strozzi fica na Piazza degli Strozzi 50123, e abre todos os dias das 10h às 20h (às quintas-feiras, até as 23h) Mais informações no site palazzostrozzi.org.
