Cotidiano

Posto 5 está entre os locais mais impactados por ondas

RIO – David Zee, oceanógrafo da Uerj, reitera o alerta sobre a localização da torre de
TV em Copacabana para a Olimpíada. Ele prestou consultoria ao Comitê Organizador
dos Jogos para a construção da arena do vôlei de praia e das arquibancadas das
provas do triatlo, também em Copacabana. No entanto, diz ele, não sabia da
construção dos estúdios perto da Rua Bolívar. Mesmo assim, Zee afirma que já
indicava em seus estudos que as proximidades do Posto 5 eram uma área de risco.

Ele lembra que, em anos anteriores, como 2010 e 2011, a
água chegou ao calçadão nesse trecho. Além disso, um levantamento recente
coordenado por ele na Faculdade de Oceanografia da Uerj elaborou um ranking, com
dados dos últimos 25 anos, sobre os 15 locais mais impactados por ressacas na
orla carioca. O Posto 5 tinha sido classificado como de alto risco, no terceiro
lugar da lista, atrás apenas dos postos 11 e 12, no Leblon. Tempo – 12/06

Quando as ressacas vêm em direção sudeste, diz ele, o entorno do Posto 5 é
uma espécie de divisor de águas. As ondas varrem a areia tanto em direção ao
Leme quanto para o lado do Forte de Copacabana, facilitando o avanço do mar. É a
região, segundo Zee, que vem sofrendo o maior estreitamento da faixa de areia em
Copacabana nos últimos anos. Por isso, diz, dependendo da profundidade em que
estiverem os pilares da torre, pode haver riscos à estrutura:

? É o ponto menos recomendado para se construir algo.
Ficamos apreensivos, porque a tendência é que, este ano, devido ao El Niño,
tenhamos uma incidência mais intensa das ressacas. Já tivemos cartões de
visitas, como as ressacas que derrubaram a ciclovia da Avenida Niemeyer, em
abril.

Nesta segunda-feira, Zee fez uma vistoria no local. No fim da manhã, as águas chegavam a
cerca de cinco metros de distância do primeiro pilar dos estúdios, causando um
desnível na areia de cerca de 1,5 metro. De acordo com ele, agora são
necessárias medidas para diminuir o impacto das ondas na torre, como o manejo da
areia da praia para que sirva de anteparo para as ressacas.

? É o lugar ideal? Não é. Já que a estrutura está instalada, é preciso
protegê-la da melhor maneira possível ? afirma.

FREQUENTADORES PREOCUPADOS

A Sociedade Amigos de Copacabana também já manifestou
preocupação com a localização dos estúdios. Presidente da associação, Horácio
Magalhães lembra de problemas provocados por ressacas em outras estruturas
erguidas na praia:

? Quem frequenta Copacabana com regularidade sabe disso. Na Copa do Mundo, já
tinham montado estúdios na praia, só que no Posto 6, infinitamente menores do
que os atuais e com parte da torre fundeada na areia. Na época, foi preciso
reforçar o entorno com sacos de areia.

Ontem, o Comitê Organizador dos Jogos informou que a responsabilidade pela
construção dos estúdios é da Olimpic Broadcasting Services (OBS), que transmite
o evento esportivo. Até ontem à noite, a OBS não tinha comentado as
considerações dos especialistas sobre os riscos em Copacabana. No fim de semana,
no entanto, quando o mar atingiu a estrutura, afirmou que os danos ocorreram
apenas numa cerca temporária para impedir a passagem de pessoas para o local da
construção. Ainda segundo a OBS, foram feitos os estudos necessários para erguer
os estúdios, levando em consideração os níveis do mar no inverno carioca.

?O estúdio de TV não corre risco de dano algum provocado pelo mar?, diz a
nota.

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