Cotidiano

Por redução de custos, Oeste volta a considerar hidrovias

Foz – A mudança de governo e os enormes desafios para a reconstrução da economia alimentam novas e velhas discussões. Líderes do Oeste do Paraná voltam a debater um tema que parecia esgotado, o uso de hidrovias para reduzir custos das empresas e para melhorar resultados e a competitividade paranaense e nacional. A pá de cal definitiva no projeto da Paraná-Tietê no Extremo-Oeste foi o anúncio, há alguns anos, de um estudo encomendado pela Itaipu afirmando ser inviável a construção de eclusa na usina para garantir a conexão e a continuidade da navegação pelo rio Paraná, unido-o à bacia do Prata.

O tema volta a ganhar força diante da constatação de que a infraestrutura brasileira ou avança ou o País não terá, em pouco tempo, chances de competir com as grandes e emergentes potências econômicas do cenário global. Mesmo reconhecendo desafios estruturais imensos e a exigência de somas vultuosas para, por exemplo viabilizar a hidrovia Paraná-Tietê, técnicos e empresários entendem que há outras alternativas que podem ser estudadas e, com o projeto certo, ser colocadas em prática, integrando os diversos modais de transporte.

O debate ganha força e importância com recentes declarações do ministro dos Transportes, Maurício Quintella, que considera a multiplicidade de modais como importante para dar vitalidade à economia e aos mais diversos setores econômicos nacionais. Um aliado no debate é a Câmara Técnica de Infraestrutura e Logística do Programa Oeste em Desenvolvimento, sob a coordenação do ex-presidente da Acifi e do Codefoz, Danilo Vendruscolo, eleito dias atrás futuro presidente do POD. 

“Nosso interesse é atuar para promover avanços à região e ampliar a competitividade dos nossos produtos é uma das estratégias”, afirma Danilo, que é vice-presidente da Caciopar, entidade que representa 46 associações comerciais da região. Há consenso de que o modal rodoviário, que transporta cerca de 75% das riquezas brasileiras, não combina, pelo menos não do jeito como está hoje, com a modernidade que se busca para o Brasil. “O custo é elevado demais. Cerca de 20% do que se investe fica com a logística”, conforme Danilo. O transporte rodoviário é ideal para deslocamentos curtos e moderados, de no máximo 500 quilômetros.

Custo menor

O professor-doutor em Economia, Carlos Paiva, considera a hidrovia, diante do potencial e número de rios espalhados pelo Brasil, como uma opção óbvia. “A hidrovia é muito mais barata do que qualquer outro modal e é largamente empregada em países desenvolvidos, como nos Estados Unidos”. Lá, mais de 70% das cargas seguem de navios e trens. Caminhões são empregados para deslocamentos rápidos. Apenas uma barcaça tem capacidade para transportar o equivalente a 50 caminhões e ela utiliza menos de 3% do combustível necessário no comparativo com o deslocamento rodoviário, diz Paiva.

Uma proposta em estudo, de uso de ligações pluviais entre Brasil, Paraguai e Argentina, seria de unificar vários modais. Uma das possibilidades seria cargas chegarem a Foz do Iguaçu por caminhão e então ser despachadas por barcaças pelo rio Paraná utilizando principalmente os portos de Buenos Aires e Rosário, na Argentina, e Montividéu, no Uruguai. “De lá, esses produtos seguiriam então para compradores do Oeste do globo e da China”, diz Carlos Paiva, que dá suporte a vários projetos estruturais de desenvolvimento econômico e territorial no Paraná e em outros estados.