Cotidiano

Por que George R. R. Martin demora para escrever? Carta a Stan Lee ajuda a entender

RIO — Que George R. R. Martin não é lá um escritor muito prolífico e sofre constantemente com bloqueios criativos, já não é novidade. O autor das “Crônicas do gelo e do fogo”, saga literária que deu origem ao seriado “Game of Thrones”, inclusive já perguntou a Stephen King como o colega consegue escrever tão rápido. Agora, uma carta escrita por ele aos 16 anos para Stan Lee e Jack Kirby dá uma pista sobre o motivo pelo qual seus fãs continuam a esperar pelo aguardado “The winds of winter”.

Um usuário postou no site “Imgur” fotos de uma revista em quadrinhos dos anos 1960. Na sessão de cartas dos leitores, um Martin adolescente escreve para os criadores do Quarteto Fantástico para elogiar seu trabalho — e apontar erros de continuidade.

Depois de dizer que tinha “perdido o chão” com o “esplendor” do volume 29 da revista, o jovem George parte para a crítica:

“Entretanto, sinto informar que encontrei uma falha neste trabalho que, de outra forma, seria uma obra-prima perfeita, uma falha que, infelizmente, é comum com vocês. Quando vimos o Fantasma Vermelho pela última vez, no Quarteto Fantástico 13, ele estava preso na lua, sendo perseguido por três macacos super-poderosos lívidos de ódio que apontavam o raio paralisador do Sr. Fantástico para ele. Agora, de repente, vocês o trazem de volta com os macacos totalmente sob controle e sem uma única palavra de explicação”.

O meticuloso futuro escritor continua, apontando outro erro já cometido pela icônica dupla da Marvel:

“Não é a primeira vez que vocês trazem um vilão de volta sem explicar direito o que aconteceu. Vocês fizeram isso quando reviveram o Mestre dos Bonecos no Quarteto Fantásto 14, depois que Reed tinha dito que ele estava morto no Quarteto Fantástico 8. Que cientista! Não consegue saber se um cara está vivo ou morto, mas é inteligente o suficiente para criar um super-raio-radioativo-de-energia-cósmica-amplificada de uma hora para outra! Concluindo, desejo boa sorte a vocês nas próximas histórias, mas, Stan, não tire nenhum outro vilão do chapéu. Da próxima vez, mostre como foi que eles conseguiram se safar, ok? Ok!”.

Se Martin já tinha esse nível de atenção a detalhes quando ainda era garoto, como esperar rapidez ao lidar com um universo complexo como o de Westeros, que envolve centenas de personagens, famílias nobres, criaturas fantásticas, deuses, etc? Se, por um lado, a internet ajuda o escritor com uma série de sites que são verdadeiras enciclopédias virtuais de “Crônicas do gelo e do fogo”, por outro, são também milhões de críticos do mundo inteiro prontos a repetir o que ele mesmo fazia na adolescência, apontando cada pequena inconsistência.

Em tempo: Stan Lee e Jack Kirby não deram voltas e responderam que haviam esquecido o que tinha acontecido com o Fantasma Vermelho. Sob pressão da editora para entregar a história, eles não tiveram tempo de pesquisar os números anteriores.