Na segunda-feira (11) a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Veneza estava lotada e a espera por consulta passava das cinco, seis horas. Na terça-feira (12) a situação era parecida. Tinha até pacientes sentados na calçada. Tempo de espera era de cinco, seis horas. Alguns mais. Outros desistiam depois de horas sem resposta. Ontem, o cenário era outro. Havia menos da metade de pessoas no saguão de entrada. E a espera? Quatro, cinco horas…
Inconformado com essa situação, o vereador Josué de Souza (PTC), que preside a Comissão de Saúde da Câmara de Cascavel, quer tentar decifrar este mistério: por que o atendimento na UPA demora tanto.
Para isso, vai enviar requerimento para a Secretaria de Saúde solicitando a quantidade de consultas que cada médico das UPAs realiza por dia, além de analisar a quantidade de pessoas que são atendidas por dia.
Outra demanda será cobrar da Secretaria de Saúde que passe a informar a todos os pacientes das UPAs em qual categoria foram classificados (vermelho, verde, azul etc) para terem uma noção do tempo de espera.
“O paciente precisa saber quanto tempo vai ter que ficar na sala de espera. Todos precisam ter pelo menos uma noção. É dever nosso, da Comissão de Saúde, ajudar a população e amanhã [hoje] já vou pedir várias informações à Secretaria de Saúde para entendermos e também sabermos como estão os atendimentos nessas unidades”, reforça.
Paralelo a isso, a Comissão de Saúde – formada ainda pelos vereadores Romulo Quintino (PSL) e Jorge Bocasanta (Pros) – vai visitar algumas unidades básicas do interior e também passar na UPA. “Precisamos ficar de olho em tudo para saber o que pode ser feito para melhorar os serviços prestados”, argumenta Josué.
A Secretaria de Saúde foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos.
UPA Veneza: Menos gente, mais espera
Buscar atendimento na UPA Veneza virou um dilema para quem está doente. Com diarreia aguda, Laurita até foi à UPA buscar ajuda, mas voltou para casa quando viu a quantidade de pessoas para serem atendidas. “Tinha gente até na calçada esperando… Estava lotado. Eu não tinha condições nem de ficar sentada, não me aguentava em pé. Voltei pra casa sem atendimento”, relata.
Na segunda-feira o HojeNews esteve na UPA por volta das 15h; havia 100 pessoas, algumas delas havia mais de cinco horas. A reportagem voltou ontem, e, às 15h, havia cerca de 60 pessoas na sala de espera, muitos deles esperando por mais de quatro horas.
Faltava médico? Pelo menos a informação oficial era de que, na segunda-feira, havia cinco profissionais atendendo (dois pediatras). Ontem, três clínicos gerais atendiam os pacientes, outros dois médicos estariam cuidando dos internados e mais três atendiam às crianças.
Silmara Pornhak havia chegado às 11h30 à UPA com muita dor de cabeça e dores pelo corpo. Às 15h ela ainda aguardava ser chamada. “É sempre assim. Toda vez que venho aqui são horas e horas de espera. Ninguém entende por que demora tanto para os médicos nos atenderem. E hoje [ontem] nem há tanta gente como em outros dias”.
Durante uma hora (das 14h14 às 15h14), ontem, a reportagem contou: 36 pessoas passaram pela pré-consulta, duas ambulâncias chegaram com pacientes e dez consultas foram realizadas, com demora de seis a dez minutos cada uma.
Classificação por cores
A auxiliar de produção Jheiry Caroline já ficou até seis horas na UPA Veneza. Ontem, ela havia chegado às 13h30 e uma hora e meia depois ainda estava na fila. “Passei pela pré-consulta uma hora depois que cheguei. As enfermeiras não falaram a minha classificação. As pessoas ficam sem entender o porquê de esperarem tanto”.
Com atendimento de urgências e emergências, os pacientes são classificados por uma escala de risco dividida em cinco cores: vermelho tem atendimento imediato; laranja será atendido em até dez minutos; amarelo em até uma hora; verde terá atendimento em até oito horas; e azul poderá esperar até 48 horas.
