Cotidiano

Por e-mail, operador de Cabral indica contas do PMDB para empreiteira

taniafontenelle.jpgSÃO PAULO ? Um e-mail anexado ao processo da Operação Calicute, que levou ontem à prisão do ex-governador Sergio Cabral, revela que Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, o Carlinhos, apontado como operador de Cabral, indicou contas do PMDB para que a executiva e membro do conselho da Carioca Engenharia, Tânia Maria Silva Fontenelle, fizesse repasse de propinas ao PMDB por meio de doações eleitorais.

No âmbito do acordo de leniência firmado pela Carioca com o Ministério Público Federal, Fontenelle, responsável pelo setor financeiro da empresa, forneceu aos investigadores as mensagens que comprovam que Carlinhos fazia pedidos e indicava contas a serem utilizadas para pagamentos de propina, dissimulados por meio de doação oficial ao PMDB. Executivos revelaram à força-tarefa o pagamento de cerca de R$ 28 milhões de propina ao grupo político de Cabral.

Na mensagem enviada no dia 13 de setembro de 2010, Carlinhos envia os números das contas para que Fontenelle faça os depósitos para o comitê financeiro do PMDB do Rio. No documento em que pediu a prisão preventiva dos acusados, o Ministério Público Federal afirmou que, após a quebra de sigilo dos e-mails de Carlos Miranda, não encontrou quaisquer e-mails de Tânia Fontenelle ou da Carioca Engenharia. ?A demonstrar que o representado [Carlos Miranda] apagou as mensagens, possivelmente com intuito de destruir provas?, afirmaram os procuradores.

Na troca de mensagens, Carlos Miranda inicialmente pede de Tânia a permissão para passar seu contato a três outras pessoas. Posteriormente, envia outra mensagem em que avisa da mudança da conta do partido.

?Tânia, recebi nesse instante a informação que a conta do partido que deve ser creditada mudou. Desculpe a confusão. Você pode corrigir a informação e me confirmar se será feito até segunda??, questiona Carlos.

Os procuradores também encontraram trocas de e-mails e ligações entre Carlos Miranda e familiares de Sérgio Cabral, inclusive seus filhos. Não há relatos, entretanto, de ligações entre ambos. De acordo com os procuradores, foram encontratdas no e-mail de Carlos Miranda mensagens que indicam que o homem de confiança de Sérgio Cabral utilizava aplicativos de comunicação criptografadas, que impedem a leitura de pessoas não autorizadas.

*Estagiário, sob supervisão de Flávio Freire